Por renata.amaral

Rio - A felicidade de ter conquistado o ouro olímpico aos 24 anos está estampada no rosto, mas a tristeza pelo desempenho em Londres, em 2012, ainda está presente no discurso. Rafaela Silva conquistou o primeiro ouro do Brasil no Rio e construiu uma bela história de recuperação - nos últimos Jogos, a judoca foi eliminada por aplicar um golpe ilegal em Hedvig Karakas. O caminho das duas se cruzou novamente, mas desta vez o resultado foi diferente para a brasileira.

"Minha chave foi bem parecida com a de Londres. A única coisa que eu pensava era que poderia enfrentar a adversária de Londres. Lembrava da dor daquela derrota. Fui com toda a vontade. Doeu, doeu muito, quase desisti do meu esporte, e queria uma sensação diferente daquela", disse Rafaela, que completou:

Rafaela Silva conquistou o ouroMárcio Mercante / Agência O Dia

"Posso servir de exemplo pras crianças da comunidade. Só de ser negra, sofre preconceito. As pessoas tiram a bolsa de perto só de ver na rua. Fui fazer judô como brincadeira. Não tinha objetivos. Meu professor sempre acreditou, pagava minha viagem, e apostou no meu potencial."

Criada na Cidade de Deus, Rafaela contou ainda que passou por diversas dificuldades para poder se transformar em uma atleta de ponta. No judô desde criança, ela agradeceu pelo apoio recebido durante o trajeto até o lugar mais alto do pódio.

"Fui amparada desde que comecei no judô. Não tinha quimono. Ganhei um e tive que ficar amarrando a calça, porque era muito maior que eu. As criancinhas choravam para não competir comigo. Ganhava competição, e ficava feliz, mas triste porque não sabia se poderia viajar de novo", relembrou a atleta, que fez novos planos para a carreira:

"Sou bem jovem. Tenho 24 anos. A sensação que senti ontem quero sentir novamente. Quero dar mais alegria ao povo brasileiro. Quero continuar nas competições e ir para Tóquio."

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