Por pedro.logato

Rio - A história do Rio de Janeiro registra que Estácio de Sá, fundador da cidade, morreu após ser atingido pela flecha de um indígena, em 1567. Perto do bairro que leva o nome do português, na Marquês de Sapucaí, a atleta brasileira Jane Karla, que disputou duas Paralimpíadas no tênis de mesa, quer escrever a sua história com a conquista de uma medalha inédita no tiro com arco, seu novo esporte.

Jane foi diagnosticada com poliomielite na infância, e começou a praticar o tênis de mesa em 2003. Após participações nas Paralimpíadas de Pequim, em 2008, e Londres, em 2012, a mudança do local de treinamento fez a goiana escolher um novo caminho, mesmo com a vaga assegurada nos Jogos Paralímpicos do Rio — ela precisaria se mudar para São Paulo para continuar no esporte. Com esforço e um tanto de imaginação, a brasileira se adaptou ao tiro com arco em pouco tempo e logo conquistou a medalha de ouro no Parapan de Toronto, no ano passado. O feito assegurou a vaga para o Rio de Janeiro.

Jane Karla busca medalha paralímpicaDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

“Tênis de mesa e tiro com arco são esportes completamente diferentes. Tive que me adaptar. Acho que a vontade de estar aqui no Rio fez com que acendesse uma chama. Ficava até a noite treinando, não tinha iluminação no local e a gente ligava o farol do carro. Eu tinha desistido de uma vaga assegurada no outro esporte. Fui à luta e garanti novamente a vaga”, ressaltou.

Jane Karla sentiu o gostinho do que é disputar uma Paralimpíada em casa nos Jogos de Pequim-2008. Em uma partida de tênis de mesa, contra uma chinesa, a atleta viu a torcida local apoiando a adversária e sentiu a importância do público a seu favor.

Jane Karla disputou Paralimpíadas no tênis de mesaDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

“Depois da experiência que tive em Pequim, imaginei que seria melhor ainda no Brasil, pois o nosso povo é mais caloroso. Vi a chinesa recebendo o apoio da torcida no local de competição, o ginásio parecia que ia cair. Meu sonho é viver a mesma coisa”, comentou Jane Karla. Com a Apoteose ao fundo, e sob a proteção do Cristo Redentor, ela se diz preparada, independentemente do clima no próximo sábado, primeiro dia de competições.

“Quando cheguei, eu me peguei olhando pro Cristo ali, com as nuvens passando. A paisagem dá mais força. Estamos acostumados com a variação de clima, estamos num período de vento, mas pode chover ou fazer sol. Independentemente disso, nós já passamos por todas as experiências. Temos que nos adaptar”, afirmou.


Matéria de Yuri Eiras

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