Juninho Paulista e Romário silenciam a torcida do Palmeiras após virada histórica na final da Mercosul, em 2000 - ARQUIVO
Juninho Paulista e Romário silenciam a torcida do Palmeiras após virada histórica na final da Mercosul, em 2000ARQUIVO
Por Yuri Eiras

Domingo, quando o Vasco entrar em campo para enfrentar o Flamengo, no segundo jogo da decisão do Campeonato Carioca, uma música será cantada tão alto quanto o hino do clube. 'O Vasco é o time da virada' vai embalar a equipe na tentativa de superar o placar do primeiro jogo — vitória rubro-negra por 2 a 0. Agora, o Vasco precisa vencer por dois gols de diferença para levar para os pênaltis. Se fizer três ou mais, levantará a taça.

A música, consagrada nas arquibancadas de São Januário e do Maracanã, pegou emprestada a melodia do samba da Beija-Flor de Nilópolis de 1978, campeã do carnaval com o enredo 'A criação do mundo na tradição nagô'. O refrão "Iererê, ierê, ierê / Ôôô / Travam um duelo de amor / E surge a vida com seu esplendor", virou o "Iererê, ierê, ierê / Ôôô / O Vasco é o time da virada / O Vasco é o time do amor".

"Eu lembro que foi um jogo no Maracanã, um clássico com estádio cheio. Só não lembro a data. Foi ideia do Luiz Henrique, um torcedor que ficava conosco e era de Japeri. Ele cantou, de brincadeira, e a galera gostou", lembra David Oliveira, ex-presidente da Torcida Organizada do Vasco (TOV), fundada por Dulce Rosalina na década de 40. Apesar de o nome do autor ser um consenso entre os torcedores antigos, a década ainda é uma incógnita. "Sei que essa música pintou entre os anos de 1970 e 1980. É uma música muito antiga, da época em que a gente usava como base os sambas de enredo e as marchinhas", pontua David.

Segundo antigos torcedores, a música teve dois 'nascimentos'. Ela apareceu pela primeira vez após uma virada sobre o Flamengo por 4 a 2, no Estadual de 1979. O Rubro-Negro abriu o placar, mas o Vasco alcançou a virada, com três gols de Roberto Dinamite. A música ficou esquecida por alguns anos e renasceu em 1988, num Vasco e Fluminense válido pela Taça Rio. O Tricolor abriu o placar com Tato, mas Vivinho e Bismarck deram a vitória ao Vasco. O samba, então, voltou para ganhar de vez a galera cruzmaltina.

A Virada do Século

A fama de 'time da virada' ficou consagrada nos anos 90, principalmente no período em que o Vasco venceu Brasileiros, Libertadores e Mercosul, entre 1997 e 2000. A final da Mercosul de 2000 foi o auge. No Parque Antárctica, o Vasco saiu do primeiro tempo perdendo de 3 a 0 para o Palmeiras, mas reverteu o placar para 4 a 3 em 45 minutos, numa partida histórica, tratada como a 'Virada do Século'.  

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