Rio - Apesar do otimismo demonstrado na semana passada por Everton Costa, o caso do jogador não é tão simples. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira na sede do Vasco, o chefe do departamento médico do clube, Clovis Munhoz, e o cardiologista, Gustavo Govea que acompanhou o caso garantiram que ainda não é certo o retorno do atleta aos gramados.
Na última semana, o jogador foi submetido a dois exames. No primeiro, chamado de Holter, foi diagnosticado que o atacante não apresentava mais arritmia que o levou a ficar internado no hospital, depois de passar mal no jogo contra o Resende pela Copa do Brasil. Porém, a ressonância magnética acusou que Everton ainda não está recuperado da miocardite. Segundo os médicos, o jogador apresenta o mesmo quadro de inflação da época do mal-súbido, sem pior e nem melhora. O atleta vai ter uma cicatriz para sempre na região por conta da inflamação no músculo.
Por conta disso, Everton será submetido, provavelmente na próxima semana, a uma cirurgia para colocar um desfribilador implantável no coração. O procedimento será feito com o objetivo de combater qualquer nova arritmia que Everton Costa possa ter na vida. O caso é o primeiro deste tipo na história do futebol brasileiro. O atacante será acompanhado por seis meses para saber se vai poder retornar aos gramados.
"O jogador está tranquilo e confiante. Porém, esse é um caso que existe uma controvérsia da literatura médica. Há dez anos, não seria apropriado um atleta jogar bola nessa condições. Atualmente já existem casos de jogadores, não no Brasil, que fizeram isso e voltaram. Até agora nunca houve registro de óbitos. Mas estamos tratando desse assunto com cautela e não vamos decidir agora se ele volta ou não. O prazo é de seis meses. Esse procedimento cirúrgico da próxima semana é relativamente simples, porém será definitivo. O Everton vai viver para sempre com o desfibrilador. A gente vai implantar para protegê-lo como atleta e para sua vida, pois ele pode ter uma nova arritmia a qualquer momento. Como é o primeiro caso assim no futebol brasileiro, o cuidado tem que ser maior. Por isso refletimos muito, passamos o quatro completo para o jogador e vamos acompanhar com calma nos próximos meses", afirmou o cardiologista, explicando o que vai suceder, caso Everton tenha uma nova arritmia.
"O jogador vai perder a consciência, mas o desfibrilador vai reconhecer a arritmia, vai dar um choque e segundos depois, a pessoa vai recuperar a consciência, automaticamente, sem problemas", explicou.
Sobre o risco ou frequência que o jogador possa vir a ter uma arritmia tanto na vida, quanto atuando profissionalmente, Golvea preferiu não fazer previsões, mas afirmou que segundo as pesquisas as chances de recuperação são positivas.
"Cada caso é um caso, pode nunca acontecer, pode aconter uma vez, ou várias vezes. O importante é que os estudos dizem que apenas 10% dos atletas tiveram uma parada cardíaca depois de usarem o desfibrilador", concluiu