Por pedro.logato

Rio - Cinco nomes e um novo destino. Nesta terça-feira, das 9h às 22h, os vascaínos finalmente vão começar a definir em São Januário quem assumirá o clube nos próximos três anos. Eurico Miranda (da chapa Volta Vasco! Volta Eurico!), Roberto Monteiro (Identidade Vasco), Júlio Brant (Sempre Vasco), Eduardo Nery (Vasco Mais que um Gigante) e Márcio Santos (Vanguarda Vascaína) disputam para ver quem será o novo presidente durante o triênio 2015/16/17.

O processo eleitoral, que deveria ter ocorrido em agosto, é indireto e foi marcado pela polêmica, rivalidade entre os candidatos e brigas e confusões entre torcedores. Os sócios vão escolher a chapa que terá direito a 120 vagas no Conselho Deliberativo, que, por sua vez, indicará o presidente e o vice. O segundo colocado escolherá 30 conselheiros. Somados aos 150 membros natos, a nova gestão do Vasco será proclamada apenas no dia 19, em sessão na sede náutica da Lagoa.

Na eleição mais tumultuada da história do clube, até a polícia e o Ministério Público tiveram de intervir. Denúncias levantaram suspeitas sobre a grande adesão de sócios em abril do ano passado — mais de 3.000 pessoas entraram no quadro e a manobra foi batizada de Mensalão da Colina. A votação foi adiada e o clube convocou todos os sócios para um recadastramento a partir de setembro: quem não compareceu não poderá votar.

Eleições no Vasco vão acontecer nesta terça-feiraArte%3A O Dia Online

EURICO MIRANDA

Contando com o apoio de Fernando Horta, presidente da Unidos da Tijuca — que tem chance de ser o vice-geral do clube —, Eurico Miranda, presidente entre 2001 e 2008, volta a disputar o cargo após dois mandatos como presidente do Conselho de Beneméritos. Entre suas promessas estão o resgate do respeito e da grandeza do Vasco. “Não somos um clube de segunda classe e temos de voltar a pensar como um de primeira. O Vasco deve ser respeitado de fora para dentro”, afirmou.

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A história de Eurico em São Januário começou em 1967, quando foi indicado para o cargo de diretor de cadastro. No final dos anos 1980, ele assumiu a vice-presidência de futebol na gestão de Antônio Soares Calçada e participou indiretamente das conquistas do Brasileiro de 1997 e da Libertadores de 1998, esta justamente no ano do centenário do clube.

Ex-deputado federal, Eurico Miranda completou 70 anos em junho e tem contado com o apoio de parte da maior torcida organizada do Vasco para ser eleito.

Eurico Miranda pode retornar à presidênciaReprodução Vídeo

ROBERTO MONTEIRO

Com 43 anos, Roberto Monteiro defende a ideia de renovação para o clube. Advogado, ele também foi presidente da Força Jovem nos anos 1990 e atualmente é o presidente em exercício do Conselho Deliberativo. Nesta segunda, também acumulou o cargo de presidente em exercício da Assembleia Geral e terá a responsabilidade de comandar o pleito.

Monteiro quer criar comitês gestores e integrar o clube como um todo através de planejamento estratégico. “Tenho muitas propostas. Quero trazer patrocinadores nacionais e internacionais para o Vasco. Quero incentivar equipes competitivas, no futebol e nos esportes amadores. Quero integrar as divisões de base com o time profissional. Nas finanças, vou rediscutir as cotas de TV e buscarei o equacionamento e escalonamento das dívidas que existem”, explicou Monteiro.

“Pretendo também criar ingressos populares para trazer mais público e ampliar a capacidade de São Januário”, completou.

Roberto Monteiro acumulou o cargo de presidente da Assembleia GeralDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

JULIO BRANT

Candidato que conta com o apoio de Edmundo, um dos maiores ídolos da história do Vasco, Julio Brant é um jovem executivo de 37 anos que fez carreira na administração de grandes empresas. Atualmente vice-presidente da construtora Andrade Gutierrez, ele chega à esta eleição disposto a iniciar uma nova forma de gestão em São Januário. Sua campanha ganhou ainda o reforço de Nelson Rocha e de Tadeu Corrêa, candidatos que desistiram do pleito para apoiá-lo.

“Temos de montar um processo de gestão adequado, com pessoas qualificadas. Não tem que inventar a roda, tem de fazer funcionar aquilo que funciona. Olhar o Vasco e ver que não pode ter gestão de clube de bairro. O Vasco é uma potência mundial. É uma gestão básica, arrumar a casa, ter certeza de que está tudo funcionando”, afirmou.

Recentemente, Julio afirmou já ter o apoio de um grupo de investidores árabes e uma quantia de 50 milhões de dólares (R$ 128 milhões) para ser utilizada diretamente no futebol com o pagamento de dívidas.

Julio Brant é apoiado por EdmundoReprodução Internet

EDUARDO NERY

O clima político na Colina já pegava fogo quando, às vésperas da data inicial do pleito — em agosto deste ano —, Eduardo Nery inscreveu sua candidatura. Com o adiamento das eleições para hoje, ele teve mais tempo para apresentar suas ideias e projetos. Em um deles, deseja impor contratos de produtividade para atletas e funcionários do clube. Empresário, o mineiro de 43 anos apoiou o atual presidente Roberto Dinamite nas últimas eleições.

Uma de suas prioridades é criar uma administração formada por diretores e vice-presidentes especializados e envolvidos diretamente com o Vasco.

“Quero poder criar uma equipe de ótimos diretores. As vice-presidências tem de ser ligadas ao clube. Temos de ter uma administração profissional, especialista na sua área e com espírito empreendedor”, afirmou Eduardo Nery, que acrescentou: “O Vasco precisa ser administrado como uma empresa grande e não de forma amadora.”

MÁRCIO SANTOS

Atual diretor de relações públicas do clube — o cargo não é remunerado e, portanto, não impede a sua candidatura —, Márcio Santos há um mês não pensava que disputaria a presidência do Vasco. Último candidato inscrito, ele garante conhecer bem as engrenagens de São Januário, sabe como funciona e não esconde a preocupação com relação ao elenco do futebol para o ano que vem.

“Já tínhamos que estar negociando reforços. Já tínhamos de avaliar quem fica e quem sai para 2015, pois precisamos ter um time qualificado para uma temporada difícil. Temos de avaliar o custo-benefício deste grupo”, afirmou.

Sobre a sua candidatura repentina, Márcio Santos, que é sócio do clube desde 1990 e vive a rotina em São Januário há dez anos, explicou como surgiu a oportunidade de disputar a eleição presidencial: “Inscrevemos a nossa chapa em junho, mas ainda faltava um nome de consenso. Há um mês acabaram escolhendo o meu”.

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