As classes de renda mais baixas - C, D e E - da população brasileira detém 60% dos cartões de crédito ativos do país. O dado é do final de 2013. Em 2010, esse percentual era de 50% - ou seja, em três anos essas classes passaram a deter a maioria dos plásticos. No mesmo período, o percentual de cartões nas mãos dos clientes da classe A passou de 7% para 3%; e o da classe B, de 42% para 37%. A informação consta de um estudo do Itaú sobre o setor. O banco vai retomar a divulgação do estudo com periodicidade regular.
O estudo mostra também que atualmente metade dos brasileiros já tem cartão de crédito - considerando todos os tipos de plásticos, percentual atinge 76%. Milton Maluhy Filho, diretor executivo da área de cartões do Itaú, informou ainda que o percentual de inadimplentes caiu de 14% para 9% no ano passado; as mulheres passaram à frente dos homens e já detém 53% da base; e o uso também se intensificou: em 2013, 64% dos portadores de cartões de crédito usaram o plástico, ante 60% em 2010.
Milton Maluhy acredita que o mercado de cartões no Brasil ainda tem muito potencial para crescer, pois só 28% do consumo das famílias é pago com cartões - no mundo, percentual é de 50%. Sobre juros, Maluhy diz que as taxas no Brasil são altas devido a vários fatores, entre eles a tributação e inadimplência ainda alta. Mas o principal é o perfil da carteira: "Os cartões aqui dão até 45 dias sem juros para pagar - isso não existe em lugar nenhum. Foi uma estratégia que surgiu nos anos 1990 para concorrer com as vendas com cheques pré-datados", lembra. Segundo Maluhy, a taxa de juros efetiva que os bancos ganham com cartões é de 2% ao mês, em média. O faturamentos com cartões no Brasil deve atingir R$ 1,4 trilhão em 2015. Em 2008, era R$ 335 bilhões.
O Itaú divulgou também dados sobre o comércio eletrônico. Segundo o estudo, a quantidade de consumidores online atingiu 51,3 milhões em 2013 e deve alcançar 80 milhões até 2018. As despesas com compras online em supermercados já representam 7% do total das vendas. O setor de turismo é um dos que mais se beneficiam do e-commerce: 30% das vendas são pela internet.
Rede prepara entrada em novos negócios
A Rede (ex-Redecard), credenciadora de cartões do Itaú, prepara sua entrada em novos negócios. Um deles já está em fase piloto, disponível em todas as agências do banco: a aceitação de cartão de débito de outros bancos no Itaú, conforme divulgado pelo Brasil Econômico na semana passada. O pagamento visa a esvaziar as filas nas agências, reduzir o uso de dinheiro e conquistar os clientes alheios, que usam o Itaú pela comodidade que oferece, diz Maluhy.
O executivo não adiantou quais novos negócios são esses onde a Rede pretende entrar, mas explicou o motivo da investida nessa direção: "Quando o Itaú pagou R$ 12 bilhões para fechar o capital da Redecard, decidiu que a empresa passaria a atuar de forma mais "transversal", disse Milton Maluhy.