Por douglas.nunes

As medidas do Banco Central (BC) que podem levar à expansão de até R$ 45 bilhões nos empréstimos bancários diminuem a possibilidade de nova redução na projeção para o crescimento do crédito. A avaliação é do chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

No mês passado, o BC revisou a estimativa para o crescimento do crédito este ano de 13% para 12%. O BC revisa as projeções sobre crédito a cada três meses.

Apesar de considerar a influência das medidas na expansão do crédito, Maciel destacou que as novas regras, anunciadas na sexta-feira (25), têm “carácter predominantemente regulatório”. Maciel acrescentou que o objetivo era melhorar a distribuição de recursos, atendendo a pequenos bancos e empresas, além de dar continuidade ao processo de reversão das medidas de contenção do crédito adotadas em 2010. “É um processo em ambiente de menor risco para o sistema financeiro. Isso permite que essas medidas macroprudências sejam gradualmente revertidas”, disse.

Segundo Maciel, o crescimento do crédito segue com tendência de moderação. Em 2013, a expansão do crédito chegou a 14,7%. Em 12 meses encerrados em junho, o crescimento ficou em 11,8%, com saldo em R$ 2,830 trilhões.

Maciel destacou ainda que essa moderação é “mais nítida” no crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura). Em 12 meses encerrados em abril, a expansão do crédito direcionado chegou a 23,2%, caiu para 22,3%, em maio, e para 20,2%, no mês passado. A previsão para este ano é que o crédito direcionado cresça 19%. Segundo Maciel, o menor crescimento é devido à moderação no crédito habitacional e no crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social às empresas.

O crédito com recursos livres (os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros) também tem ritmo menor de crescimento. Em 2013, a expansão ficou em 7,8% e em 12 meses encerrados em junho caiu para 5,5%.

Uma das modalidades do crédito livre que apresenta ritmo menor de crescimento são os empréstimos para a compra de veículos. Segundo Maciel, houve redução no saldo desses financiamentos pelo quinto mês seguido. “Esse crédito cresceu com maior intensidade em períodos anteriores respondendo a incetivos concedido ao setor. Em 2010, no ápice do crescimento da modalidade, cresceu 49% ao ano. Em 2011, 27% e depois foi moderando”, destacou Maciel.

Segundo Maciel, os consumidores anteciparam as compras para aproveitar redução de imposto e agora, sem os incentivos, há menor procura. “Houve uma antecipação de demanda nesse segmento e isso tem influenciado a evolução do crédito para veículos”, acrescentou.

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