Por monica.lima
São Paulo - A tradicional oferta de linhas de crédito aberta pelos bancos para as despesas extras de início do ano, como IPTU, IPVA, mensalidades e materiais escolares, entre outras, está mais restrita este ano. A preocupação com o ritmo de crescimento da economia, a inflação, os juros em alta e o desemprego batendo a porta, levaram as instituições financeiras a serem ainda mais seletivas.
Segundo o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro Oliveira, os bancos costumam criar situações para oferecerem suas linhas especiais, como as voltadas para despesas típicas desta época do ano, e dias comemorativos como dia das mães, dos pais, das crianças, entre outras. Mas, isso mudou, e a tendência é de que as linhas de crédito continuem sendo oferecidas, mas com mais seletividade e sem o “atrativo” de uma data especial para oferecer o produto ao cliente.
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“As instituições estão enxergando uma série de riscos no cenário econômico, o que vai levar os bancos a serem mais cuidadosos. Além de ficar mais difícil o acesso às linhas, elas também devem ficar mais caras, já que o cenário para a taxa Selic é de alta”, diz. No boletim Focus, pesquisa do Banco Central realizada com analistas, da última segunda-feira, o mercado projeta a Selic em 12,50% no final do período, ante a taxa atual de 11,75%.
Entre os onze bancos consultados pela reportagem, apenas Banco do Brasil, Santander e o Banrisul informaram que têm segmento voltado principalmente para essas despesas e os demais disseram que têm linhas de crédito que podem ser usadas conforme a necessidade do cliente.
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O diretor de empréstimos e financiamentos do Banco do Brasil, Edmar Casalatina, informou que no início da próxima semana o banco lançará nos próximos dias o BB Pagamento Parcelado de Compras, modalidade voltada para o pagamento de tributos, matrícula e material escolar. Segundo o executivo, a linha foi lançada há algum tempo com esta finalidade e incorporada pelo banco como uma linha permanente. No entanto, como no início do ano há essa necessidade de recursos extras para algumas famílias, ele disse que o banco está investindo na divulgação.
A estimativa de Casalatina é de que essa linha de crédito movimente entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões nos meses de janeiro e fevereiro, acima dos R$ 280 milhões registrados no mesmo período de 2013. “O crescimento se dá, principalmente, em razão do reajuste verificado no IPVA, IPTU, material e matrícula escolar. Esses produtos estão mais caros e, por isso, esperamos um procura maior por essa linha de crédito", estima. Para o ano, somente no segmento pessoa física, a expectativa é de expansão de 12%, a mesma que deverá ser verificada em 2014, porém, abaixo do resultado de 2013, que foi de 20%. “Se conseguir crescer 12%, é um bom número”, diz.
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O banco Santander lançou o Crédito Sob Controle, voltado para os clientes que pretendem consolidar diferentes empréstimos sob o mesmo contrato, unificando juros e alongando prazos, o que permite reduzir o valor das parcelas. “O Crédito Sob Controle auxilia o cliente em sua organização financeira. O gerente identifica o correntista com essa necessidade e unifica todas as dívidas em um novo contrato, com parcelas que cabem no bolso do cliente. Assim, fica mais fácil controlar as despesas”, afirma o diretor da Santander Cassius Schymura.
Além dessa modalidade, o banco disponibiliza crédito Pessoal e o Empréstimo Consignado para quem precisa de um recurso extra no início do ano. “A realização de um bom planejamento financeiro nesta época pode garantir o fôlego financeiro ao longo de todo o restante do ano. Queremos dar ao cliente opções que se ajustem às suas necessidades”, diz Cassius Schymura.
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O banco Banrisul tem linha de crédito especial para pagar o IPVA e IPTU 2015 à vista com desconto, que pode ser parceladas em até 12 meses.
O administrador de investimentos Fabio Colombo, também concorda que as taxas cobradas são altas e, caso o cliente tenha alguma aplicação, o mais adequado seria usar esse recurso. Ele lembra, por exemplo, que os descontos dados no IPVA, por exemplo, dependendo da região, geralmente, são maiores que os juros pagos nos investimentos. “Vale a pena sacar a aplicação, porque os juros cobrados é sempre muito alto”, diz, ressaltando, ainda que o ideal é que haja um planejamento de fluxo de caixa e uma poupança ao longo do ano para suprir essas despesas.
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