Por monica.lima
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a Selic para 12,25% ao ano ampliará ainda mais a diferença entre a taxa básica de juros e as taxas praticadas no mercado. Segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o deslocamento entre a Selic e as taxas médias de mercado superam 800%.
Com a alta da Selic aprovada ontem, o distanciamento se agravará ainda mais. Segundo a Associação, a taxa média de juros das operações de crédito para pessoa física vai passar de 108,08% ao ano para 109,02%, correspondente à variação de 0,87% no período. Ao mês, a taxa média sofre alteração de 6,30% para 6,34%, alta de 0,64%.
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O detalhamento da pesquisa por linha de crédito mostra ainda que os juros do comércio passarão de 76,53% para 77,34% ao ano, alta de 1,06%. Já os juros do cartão de crédito passam dos já exorbitantes 258,26% para 259,81% ao ano, o que representa aumento de 0,60%. O cheque especial, outro vilão dos endividados, sobe 0,69%, passando de 178,80% para 180,03%.
Mais caro, o empréstimo pessoal feito pelas financeiras apresenta variação de 133,96% para 135,01%, alta de 0,78%. Enquanto o empréstimo pessoal disponibilizado pelos bancos passa de 53,05% para 53,76% ao ano, alteração de 1,34%. 
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Com base nas simulações apresentadas na pesquisa, a utilização de R$ 1 mil do cheque especial por 20 dias na atual Selic, a 11,75%, soma juros mensais de 8,92%, o equivalente a um acréscimo de R$ 59,47 no valor original. Já na nova Selic, a 12,25%, o mesmo valor utilizado sofrerá alta de 8,96%, um aumento de R$ 59,73 no valor emprestado, o que soma a diferença de R$ 0,27.
Para o diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, a diferença pode parecer pequena a curto prazo, mas a análise do atual contexto econômico mostra o contrário. “Isoladamente a alta mostra poucos reais a mais no custo final do financiamento. Porém, os aumentos sucessivos da Selic somados ao conjunto de medidas anunciadas no início da semana, mais inflação, aumento da gasolina e da energia, tem um profundo impacto no bolso do consumidor. Sua renda está sendo afetada por todos os lados”, explica o especialista.
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Segundo Ribeiro, observando os atuais indicadores de inflação, bem como o fato do índice estar bem acima do centro da meta inflacionária, a expectativa é de que haja novo aumento na próxima reunião.
“A inflação não vai cair de um dia para o outro, é um processo. Com as últimas medidas fiscais promovidas ela ainda vai subir mais um pouco, porque ainda não estão somados os aumentos do IPTU, energia e gasolina. Com isso, o Banco Central poderá optar por acelerar as elevações da taxa básica de juros para 12,50% ao ano nas próximas reuniões. Portanto, começaremos a ver resultados somente no segundo semestre”, afirma o economista.
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