Por monica.lima

Rio - O polêmico projeto de independência do Banco Central (BC), ressuscitado pelo PMDB no Congresso, voltou à agenda da economia. Depois de ser anunciado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, como o “o ajuste dos ajustes” e ser rebatido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, virou saia justa no Twitter.

Na quinta-feira passada, o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, tuitou em sua conta pessoal na rede social uma defesa veemente do projeto: “é excelente e está praticamente aprovado na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos do Senado)”, faria o risco-País cair “uns 100 bps no ato”, “tem tanto valor como a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal)”, é o “caminho mais rápido para queda de juros”.

Os tuítes foram publicados pelo jornalista Geraldo Samor, na coluna Veja Mercados, da revista Veja, mas na sexta-feira os tuites foram retirados. O economista-chefe do Bradesco voltou ao assunto apenas com o comentário de que “é difícil autoridade econômica dizer que é a favor da independência do BC, pelo constrangimento de sugerir com isso que não haja independência”.

O assunto promete dar muita dor de cabeça ao governo e por isso é rejeitado publicamente. Em evento ontem em São Paulo, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, disse que o banco não tem uma posição sobre se o BC brasileiro deve ser ou não uma entidade independente do governo federal. “Essa é uma questão que merece debate, mas não agora”, sugerindo que é uma discussão para tempos menos conturbados. “Temos assuntos mais urgentes para tratar agora”, disse.
Perguntado ontem sobre a retirada dos seu tuítes que defendiam a independência do BC, Octávio de Barros destacou primeiro que tratava-se de opinião filosófica, que já manifestou publicamente em 2014 na CAE.

Justificando sua defesa, disse que “todo mundo é a favor, 99% dos economistas do mercado, menos os que estão no governo”, mas observou que não queria politizar o debate. “Não se trata de defender um ponto de vista e criticar o outro”, afirmou. Ao contrário dos tuítes, minimizou a urgência do projeto. “Não é uma panaceia, uma solução para todos os problemas da economia. A independência do BC é um tijolinho na construção institucional da macroeconomia brasileira”, disse.

O projeto de independência do BC voltou à pauta da agenda econômica do país mas promete criar muita polêmica, como aconteceu na campanha presidencial no ano passado. No domingo, o senador Renan Calheiros publicou na Folha de S. Paulo artigo intitulado “A inadiável independência do BC”. No mesmo veículo, o ex-presidente do BC, Henrique Meirelles, que chegou a ser cogitado para substituir o atual presidente do banco, Alexandre Tombini, no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, também reforçou a defesa com o artigo “Independência pela meta”.

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