Por monica.lima

São Paulo - A credenciadora de cartões Cielo, sociedade entre a Caixa, Banco do Brasil e Bradesco, encerrou anteontem à noite a captação da sua quarta emissão de debêntures. O valor captado ficou em R$ 4,6 bilhões. Os papéis, não conversíveis em ações, tem prazo de três anos. A taxa paga aos investidores ficou em 105,8% do CDI.

Segundo Renato Ejnisman, diretor executivo adjunto do Bradesco Banco de Investimentos (BBI), que coordenou a oferta, a demanda superou R$ 12 bilhões. O volume emitido representa a segunda maior captação de renda fixa no mercado de capitais brasileiro de todos os tempos - a maior foi uma emissão da Vale, de R$ 5,5 bilhões, em dezembro de 2006.

Nesse ranking, estão excluídas operações de empresas de leasing, que são ligadas a bancos.“Os R$ 4,6 bilhões também representam um terço do volume de distribuição de papéis de renda fixa no mercado inteiro em 2014”, afirmou o executivo do BBI.

Em função da alta demanda, as taxas pagas pela Cielo caíram - inicialmente, estava previsto pagar 109% do CDI, diz o executivo. Teve oferta de investidores de diversos segmentos, de pessoas físicas, seguradoras a tesouraria de bancos, mas a maior parte, R$ 4,5 bilhões, foi comprada por fundos de investimentos.

Segundo Ejnisman, essa captação da Cielo abre a porta para destravar novas, pois dá segurança para os emissores de que há apetite dos investidores - e dá uma indicação para os investidores da curva de juros, ou “benchmark”, nesse novo0 momento da economia brasileira e internacional.

Para o executivo, assim que sair o balanço da Petrobras, o que deve ocorrer na semana que vem, novas captações de renda fixa de empresas de diversos setores devem sair do forno. “Para o mercado de emissões de ações, demora um pouco mais, mas vamos ter algumas operações neste ano. Já tem empresas nos procurando e outras aquecendo motores para voltar. Mas apetite do investidor por renda variável é mais arisco”.

Para Ejnisman, além da qualidade do crédito - Cielo é um nome conhecido, com risco baixo, e a emissão foi classificada como AAA pela Fitch - outro fator importante que viabilizou a oferta: o que ele chama de ponto de inflexão do mercado.

Ejnisman cita sinais de melhora- entre eles, a queda de 10% do dólar e do risco país- “que apontam para saída do pior momento da crise”, disse. “Até agora, estávamos vendo investidores com aversão ao risco Brasil e outros com apetite baixo; os avessos agora estão intrigados e os de apetite baixo estão com apetite moderado”, disse.

Os recursos levantados com a emissão foram utilizados para resgatar, integral e antecipadamente, o montante em notas promissórias emitidas no final de dezembro pela Cielo. As notas tinham 180 dias de prazo e pagavam taxa equivalente a 106,5% do CDI, segundo informou Clóvis Poggetti, vice-presidente de relações com investidores da Cielo.

As notas promissórias, por sua vez, foram emitidas para captar parte do aporte que a Cielo fez em uma nova empresa, constituída em conjunto com o Banco do Brasil. O nome comercial da empresa ainda não foi escolhido, mas a razão social é Token Gestão de Contas de Pagamento.

O investimento total da Cielo nessa nova empresa, anunciada no final de 2014, foi de R$ 8,1 bilhões. Além dos R$ 4,6 bilhões captados com as debêntures nesta semana, a empresa emitiu no final do ano mais R$ 3,5 bilhões em debêntures privadas, integralmente adquiridas pelo Banco do Brasil. Esses papéis, com vencimento em 2023 e opção de compra ou venda em cinco anos (2020) pagam taxa equivalente a 111% do CDI. Segundo Poggetti, o custo mais alto das debêntures privadas se deve a seu caráter - além do prazo mais longo do que as debêntures que foram colocadas no mercado.

A joint venture foi aprovada em 30 de dezembro e começou a operar em final de fevereiro. Seu lucro líquido pro forma em 2014 foi de R$ 615 milhões e sua receita bruta pro forma totalizou R$ 2,4 bilhões, disse a Cielo. O capital social total da sociedade é 30% da BB Elo Cartões, subsidiária integral do BB, e 70% d a Cielo.

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