As empresas chinesas que fizeram sua estreia nos mercados de ações dos EUA nos últimos 12 meses recompensaram seus compradores com os melhores retornos entre seus pares globais, impulsionadas pela demanda por ações dos setores de internet e comércio eletrônico da maior economia da Ásia.
As 10 maiores empresas chinesas que concluíram ofertas públicas iniciais nos EUA nos últimos 12 meses deram um retorno médio de 44% desde as datas de suas ofertas, contra 25% de todos IPOs americanos de mais de US$ 100 milhões no mesmo período, segundo dados compilados pela Bloomberg. A 58.com Inc., que fornece classificados on-line, subiu 140 por cento desde seu IPO, em outubro, e a Autohome, um site de informações sobre carros, ganhou 110% desde dezembro.
As novas empresas chinesas de tecnologia estão se beneficiando com as apostas dos investidores de que elas podem lucrar com a expansão do setor de consumo do país e crescer rapidamente mesmo sem a ajuda estatal. Companhias como a Alibaba Group Holding Ltd, maior site de vendas on-line da China, que presentou um requerimento para listar ações na bolsa nos EUA no mês passado, podem ganhar um empurrão em um momento em que o presidente Xi Jinping busca aumentar o papel do setor de serviços na economia, enquanto reduz sua dependência em relação ao segmento da construção, que é impulsionado pelo crédito e tem estimulado o crescimento.
“Há muita animação por parte do investidor ao redor do grupo, especialmente antes da Alibaba”, disse Kurt Ayling, analista de tecnologia, mídia e telecomunicações da Susquehanna Financial Group LLP, com sede em Nova York, em uma entrevista, em 6 de junho. “Os investidores geralmente sentem que precisam de algum tipo de exposição na China uma vez mais”.
Compras on-line
Dos 16 IPOs chineses em bolsas americanas nos últimos 12 meses, 12 são de companhias focadas em tecnologias para a internet ou em serviços baseados na web, o que inclui compra on-line, segundo dados compilados pela Bloomberg. O site de varejo JD.com Inc. atraiu US$ 1,78 bilhão em uma oferta em maio e a plataforma de rede social Weibo Corp. concluiu uma estreia de US$ 285,6 milhões em abril, enquanto a Alibaba se prepara para o que pode ser o maior IPO da história.
“Se você olhar para o setor de tecnologia e de internet, os investidores vinham sendo atingidos fortemente nos EUA durante o primeiro semestre do ano e precisavam buscar retornos em outras partes”, disse Ayling. “A China é a parada seguinte mais lógica”.
IPOs favoritos
As vendas por internet na segunda maior economia do mundo estão subindo em um momento em que os comerciantes on-line, liderados pela Alibaba, estão atraindo a maior fatia dos 618 milhões de usuários de internet do país. As vendas on-line saltaram 52% nos quatro primeiros meses de 2014 em relação ao ano anterior, enquanto as vendas gerais do varejo subiram 12%, o que representou o início mais fraco de um ano desde 2004, segundo o departamento de estatísticas do país.
Os IPOs chineses favoritos nos EUA são aqueles “ligados aos setores de consumo discricionário e tecnologia/comércio eletrônico”, disse Josef Schuster, de Chicago, fundador da IPOX Schuster LLC, empresa de pesquisas sobre IPOs, por e-mail, em 6 de junho.
O JD.com, segundo maior site de comércio eletrônico da China, subiu 40% desde seu IPO, enquanto a Jumei International Holding Ltd., loja on-line de produtos de beleza com sede em Pequim, saltou 35% após levantar US$ 245,1 milhões em 16 de maio.
Com um valor de mercado estimado em US$ 168 bilhões, a Alibaba, com sede em Hangzhou, China, pode levantar até US$ 20 bilhões, superando uma oferta de US$ 19,65 bilhões da Visa Inc. em 2008, mostram dados compilados pela Bloomberg.
Para os IPOs chineses nos EUA, daqui em diante “será muito mais difícil sustentar o bom desempenho”, segundo Schuster, da IPOX. Os negócios chineses passarão a receber avaliações iniciais mais altas, reduzindo a vantagem no preço em relação às suas contrapartes, disse ele.