Por parroyo

Os papéis da Petrobras e de bancos pressionaram o Ibovespa, que acumulou perdas de 2,71% nos últimos cinco pregões. No consolidado do ano, o desempenho está positivo em 3,20%. Na sexta-feira, o principal índice da bolsa brasileira amargou queda de 0,65%, para os 53.157 pontos, patamar que confirma um viés indefinido tanto para a próxima semana quanto para o mês de julho.

Os 53 mil pontos significam um divisor importante para o índice. Se perder tal patamar, deixa também para trás a tendência de alta, que vigora desde março. “Mas se defender essa faixa, o viés positivo se concretiza e abre espaço para a busca dos 56.700 pontos – máxima do ano passado”, explicou o analista técnico da Clear Corretora Felipe Goes.

Dólar termina a semana cotado a R$ 2,19 na vendaChris Ratcliffe

Para o estrategista-chefe da Corretora SLW, Pedro Galdi, a volatilidade deve marcar presença nas próximas sessões em meio a indicadores da China e dados da indústria doméstica. Em um cenário no qual as atenções estarão voltadas para a Copa do Mundo, Galdi espera que julho seja um “mês arrastado” para a renda variável.

Na agenda de indicadores do Brasil, o desempenho da indústria em junho será evidenciado com a divulgação da Sondagem da Indústria medida pela Fundação Getúlio Vargas e do Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) a serem divulgados na segunda e terça-feira, respectivamente.

O dado mais aguardado do setor, no entanto, será a Produção Industrial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente a maio, a ser conhecido na quarta-feira. De acordo com projeção da LCA Consultoria, o indicador deve apresentar queda de 0,30% na comparação mensal e recuo de 2,8% em relação ao mesmo mês do ano passado.

“Esse dado fraco pode afetar o Ibovespa, pois acentua o panorama de expectativas ruins, o que deve diminuir ainda mais a confiança do empresário em diversos segmentos”, pontuou o economista da Guide Investimentos Ignacio Crespo.

O economista destaca ainda a divulgação, na segunda-feira, do relatório de Política Fiscal do Banco Central, que vai apontar o superávit primário (economia para pagar os juros da dívida) referente ao mês de maio. “Provavelmente o dado vai alimentar a discussão sobre a capacidade do governo de cumprir a meta de superávit, que é de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB)”, afirmou.

Na sexta-feira, o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) apresentou déficit primário de R$ 10,5 bilhões, o pior resultado primário para o mês de maio desde o início da série histórica, em 1999. O número sobre a política fiscal ser publicado na segunda-feira, engloba o exercício fiscal dos estados e municípios.

Indicadores externos

Em relação à agenda dos Estados Unidos, Crespo destaca o discurso, na quarta-feira, da presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Janet Yellen, além dos dados de emprego. A expectativa é que Yellen não dê pistas claras sobre quando a autoridade monetária deve iniciar o aumento da taxa de juros, hoje perto de zero. Mas a fala deve ser acompanhada de perto e qualquer novidade pode mexer com o mercado.

Na quinta-feira, será conhecido o relatório geral de emprego do país – o Payroll. A expectativa média dos analistas é que o número de vagas de trabalho caia de 217 mil para 210 mil na passagem de maio para junho. Galdi, da SLW, destaca que, como o Dow Jones e S&P - dois dos principais índices acionários dos Estados Unidos - estão operando perto das máximas, qualquer dado mais fraco pode impulsionar um movimento de realização de lucros. “A queda das bolsas por lá geralmente acaba refletindo no Ibovespa”, comentou.

Os números da China, por sua vez, serão importantes para direcionar o movimento das ações da Vale, pois a mineradora tem o gigante asiático como o maior cliente. Na noite de segunda-feira, o Índice Gerente de Compras (PMI) da Indústria, medido pelo governo e pelo HSBC, será divulgado. A expectativa é que o primeiro mostre alta de 50,8 para 51,1 pontos e o segundo fique estável em 50,8 pontos (números acima de 50 pontos indicam avanço da atividade).

Dólar

A moeda americana acumulou queda de 1,61% na semana e terminou a sexta-feira cotada a R$ 2,192 na venda – o menor valor de fechamento desde 30 de outubro do ano passado.

O recuo da divisa refletiu o anúncio do Banco Central sobre a manutenção do programa de Swap até o final do ano. A intervenção garante liquidez no mercado e, por isso, o sócio da Leme Investimentos Paulo Petrassi acredita que o dólar deve se acomodar dentro da banda de R$ 2,19 até R$ 2,23 no médio prazo.

“A divisa só foge desse patamar caso a economia americana mostre crescimento acentuado e o Federal Reserve decida elevar os juros, o que diminuiria o fluxo de dólares por aqui”, afirmou.


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