Por marta.valim

Mesmo com a baixa demanda apontada nos últimos meses, a expectativa é de que a concessão de crédito ao consumidor deverá encerrar este ano com um crescimento real de 5,5%, segundo dados da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Caso sejam confirmadas as previsões para o crescimento econômico, de 0,9%, e a manutenção da taxa Selic em 11% ao ano em dezembro, a relação crédito/PIB deve ficar em 57,5% — uma alta de 3,6 pontos percentuais em comparação com o ano passado.

Segundo Fábio Bentes, economista da CNC, a estimativa de crescimento de concessão de crédito ainda é pequena se comparada aos últimos anos e está diretamente relacionada ao aumento sucessivo das taxas de juros de mercado, que atingiram em junho a média de 43% ao ano — nível mais alto desde abril 2009, quando registrou 43,5% ao ano.

Para ele, essa trajetória foi sustentada pelo encarecimento do cheque especial, que atualmente é a modalidade de crédito mais cara acompanhada pelo Banco Central — a taxa atual de 171,5% ao ano é 34,7 pontos percentuais mais alta do que em junho do ano passado.

“O crédito ao consumidor mostra pequeno crescimento porque tende a acompanhar a velocidade do consumo e serviços. Neste ano, o faturamento do comércio está crescendo 5% ao ano. Vale ressaltar que, em anos normais, a concessão de crédito anual crescia na casa dos dois dígitos”, avalia Fabio Bentes.

Com base no cálculo do empréstimo hipotético projetado pela CNC, o crédito está 10% mais caro neste ano, se comparado a mesma época do ano passado. A estimativa leva em consideração as taxas de juros aplicadas pelo mercado, a inflação e o prazo para pagamento das prestações, que está em 47,7 meses.

“Os prazos para quitação dos financiamentos estão caindo, as taxas de juros não param de aumentar, o que torna cada vez mais caro conseguir crédito. Estamos passando por um momento de esgotamento da capacidade do consumidor de contrair mais empréstimos . Se essa realidade continuar, a inadimplência vai subir muito. A expectativa é que saia dos 6,5% em que está e atinja 6,9%a até o final do ano”, diz o economista.

Ainda de acordo com Bentes, mesmo com as medidas do Banco Central as taxas de juros do mercado vão continuar em crescimento por uns meses até atingirem um pico máximo e começarem a cair. “A previsão é que elas cresçam nos próximos meses, chegando a 44%, e depois se mantenham no auge dos 45%. Após uma forte desaceleração do crédito é que começarão a cair um pouco”, aposta.

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