Por parroyo

Os cinco últimos pregões antes da eleição acompanharam a incerteza da disputa e esbanjaram volatilidade. O Ibovespa fechou no vermelho por quatro sessões seguidas, mas ganhou algum fôlego nesta sexta-feira ao avançar 2,42%, aos 51.940 pontos. Após Ibope e Datafolha mostrarem Dilma Rousseff (PT) ao menos seis pontos à frente de Aécio Neves (PSDB), uma onda de cautela tomou conta do mercado brasileiro. Entretanto, alguns levantamentos de institutos menores apontaram vitória do tucano e os investidores foram às compras.

Na semana, o principal índice da Bovespa acumulou queda de 6,79%. No ano, os ganhos somam 0,84%. Em meio ao cenário eleitoral, os analistas não se arriscam a traçar um viés para as próximas sessões. “O índice se tornou uma estrutura binária: ou dá azul ou vermelho. Se Dilma ganhar, o Ibovespa pode cair até os 45 mil pontos e, se o Aécio vencer, a tendência é a busca pelos 60 mil pontos”, pontuou o analista da Clear Corretora Raphael Figueiredo. Analistas e economistas acreditam que o debate da TV Globo, marcado para esta noite, pode decidir a eleição.

Embora o mercado esteja precificando maior chance de vitória para a petista, a chegada de Aécio ao Planalto não foi descartada. A resposta da bolsa para a ascensão do tucano deve ser eufórica, principalmente porque ele já anunciou que Armínio Fraga estará à frente do ministério da Fazenda. Entretanto, caso a presidente se reeleja, a reação dos agentes tende a ser negativa e exagerada, principalmente nos dois primeiros pregões após o resultado das urnas.

A avaliação de que a condução da política econômica do governo Dilma falhou é unanimidade entre os agentes do mercado financeiro, portanto, caso ela se reeleja, o risco do rebaixamento da nota de crédito do Brasil deve volta ao radar. Para o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno, o mau humor em meio a este cenário deve durar cerca de dois dias. “Depois, a expectativa predominante será pelo anúncio da nova equipe econômica. O que está sendo ventilado são os nomes de Nelson Barbosa, Alexandre Tombini ou Aloízio Mercadante para a Fazenda”, disse Rostagno. Outros analistas citam ainda que Antônio Palocci, Henrique Meirelles e Jaques Wagner também estariam cotados para assumir a pasta.

Agenda

Embora a avaliação do resultado eleitoral deva, mais uma vez, se sobrepor aos indicadores econômicos, a agenda guarda importantes eventos para a próxima semana. Nos Estados Unidos, a discussão sobre a data do aumento da taxa básica de juros do país virá novamente à tona na quarta-feira, dia em que o comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) irá se reunir. Na quinta-feira, além do discurso da presidente do Fed, Janet Yellen, será conhecida a primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos referente ao terceiro trimestre. De acordo com estimativa mediana do mercado, medida pela Bloomberg, a economia deve mostrar avanço de 3% no período.

No Brasil, o Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M), indicador que baliza o preço do aluguel, será conhecido na terça-feira e deve desacelerar se 0,20% para 0,16% na passagem de setembro para outubro, de acordo com projeção da consultoria LCA. Na quarta-feira, acontece a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) depois da eleição. A expectativa é que o colegiado opte pela manutenção da Selic em 11%. Na sexta-feira, o BC divulga dados fiscais de setembro.

Dólar

No mercado de câmbio, na esteira avaliação de que Aécio ainda está no páreo da eleição, o dólar teve o maior recuo em 11 meses na sexta-feira e fechou em queda de 2,26%, cotado a R$ 2,457 na venda. Na semana, a divisa acumulou alta de 1,01%. “Se a Dilma ganhar, o dólar deve alcançar o patamar de R$ 2,60 por conta da menor possibilidade de mudança na política econômica. O déficit nas contas externas só cresce. Se a vitória for de Aécio, o mercado tende a acalmar e a divisa tende a recuar até os R$ 2,35”, avaliou o sócio gestor da Leme Investimentos Paulo Petrassi.

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