O principal índice da Bovespa fechou esta sexta-feira em forte alta e acima dos 54 mil pontos, garantindo um desempenho positivo no acumulado da semana, em sessão influenciada pelo viés positivo no mercado internacional e noticiário corporativo intenso no fronte doméstico.
O Ibovespa fechou com alta de 4,38%, a 54.628 pontos. O volume financeiro somou R$ 8,37 bilhões. A reunião do Conselho de Administração da Petrobras esteve no radar, em meio a especulações sobre um aguardado reajuste nos preços dos combustíveis, assim como dados fiscais negativos do setor público.
Do exterior, a surpreendente decisão do Banco do Japão de ampliar as compras de títulos públicos repercutiu positivamente nas praças financeiras globais.
Na Bovespa, o setor de telecomunicações foi um dos destaques na pauta corporativa, após o jornal Folha de S.Paulo publicar que Claro, Vivo e Oi fecharam acordo para oferta de compra da TIM Participações. Oi e TIM foram as líderes de alta do índice. Vivo também subiu forte.
Duas fontes confirmaram à Reuters o acordo entre as operadoras. No país, a Telefônica Brasil, que utiliza a marca Vivo, esperou o fim do pregão para dizer ao mercado que desconhece o assunto e que não está envolvida em discussões para uma oferta pela TIM. Horas antes, a TIM informou o mesmo.
Balanços de empresas como PDG Realty, Suzano e BRF, ajudaram a impulsionar as ações.
Na ponta negativa, as units do Santander Brasil despencaram após a oferta pública voluntária de permuta de units por recibos de ações do Banco Santander, na véspera, com a previsão de que as units que não foram trocadas tendem a perder liquidez e oscilar ao sabor dos fundamentos.
Na visão do operador Thiago Montenegro, da Quantitas Asset Management, a Bovespa refletiu o ambiente externo favorável, incluindo dados mais fortes sobre o crescimento dos Estados Unidos na véspera.
Ele também citou influência nos negócios de especulações sobre a nova equipe econômica, com nomes conhecidos e bem avaliados no mercado circulando entre os possíveis substitutos de Guido Mantega na Fazenda, embora se mostre cético sobre mudanças radicais na condução da economia pelo governo.
Outubro tenso
Outubro fechou com o Ibovespa longe da máxima verificada do mês, de 58.015 pontos no dia 14, mas tampouco nos níveis estimados pela parcela mais pessimista do mercado no caso de reeleição da presidente Dilma Rousseff, no último domingo.O índice encerrou o mês com uma alta de 0,95% . No ano, a alta acumulada passou a 6,06 por cento.
Os últimos trinta dias foram marcados por forte volatilidade, com pesquisas eleitorais e o resultado do primeiro turno do pleito ditando o rumo dos negócios e afetando ações com forte peso no índice, com destaque para as da Petrobras.
As ações da petroleira estatal, que se tornaram um proxy do sentimento de agentes financeiro sobre o noticiário político, chegaram a contabilizar uma valorização ao redor de 20 por cento no melhor momento do mês, mas reverteram a tendência encerrando com perdas de cerca de 15 por cento no mês.
O front externo corroborou com a volatilidade doméstica, quando preocupações sobre o crescimento global combinadas com percepção de que os bancos centrais podem não atuar de forma tão agressiva elevaram a aversão a risco mundial.
O saldo de capital externo da Bovespa refletiu tal movimento, com saídas líquidas em sete pregões seguidos a partir do dia 3 somando R$ 3,5 bilhões, enquanto as posições no mercado futuro também foram reduzidas.
Com o fim do processo eleitoral, as especulações na bolsa passaram a ser sobre o rumo da política econômica e os primeiros sinais repercutiram positivamente.
A divulgação na mídia de nomes bem avaliados no mercado como possíveis substitutos de Mantega na Fazenda agradou, mas o ponto alto foi a elevação surpresa da Selic pelo Banco Central nesta semana, enquanto os dados fiscais continuaram desapontando.
Tantos altos e baixos refletiram em fortes volumes negociados diariamente, com os dados da Bovespa mostrando a forte média de quase R$ 11 bilhões de reais até o dia 30. O pregão do dia 15 teve o maior giro de 2014 ao totalizar R$ 24,3 bilhões. O vencimento dos contratos de opções sobre o Ibovespa e as operações ligadas ao vencimento do índice futuro ajudaram a inflar a cifra.
Também em outubro o Ibovespa registrou a maior variação positiva diária do ano, de 4,78%, no dia 14.
Câmbio
No mercado de câmbio, o dólar subiu quase 3% em relação ao real nesta sexta-feira, encerrando o volátil mês de outubro com alta de mais de 1%. Segundo analistas, a instabilidade deve continuar até que surjam sinais concretos de mudança na política econômica da presidente Dilma Rousseff.
Há uma semana, investidores se mostravam muito pessimistas com a possibilidade de reeleição da petista, confirmada no domingo. A decisão do Banco Central de elevar a Selic nesta semana, contudo, despertou a expectativa de uma política econômica mais favorável ao mercado nos próximos quatro anos, reduzindo temporariamente a pressão sobre o câmbio.
"Assim como houve um exagero no pessimismo com a reeleição da Dilma, houve um exagero no otimismo ontem", disse o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano.
O dólar avançou 2,94%, cotado a R$ 2,478 na venda, após três sessões seguidas de queda. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,05 bilhão.
Em outubro, marcado por oscilações fortes devido às eleições presidenciais, a moeda variou entre R$ 2,38, na mínima, e R$ 2,51, na máxima.
A volatilidade implícita nas opções de 1 mês de dólar está entre 15% e 17%, o que significa que operadores apostam em uma oscilação dessa magnitude, em qualquer direção, nesse período. Desde o início da disputa eleitoral, a volatilidade tem se mantido perto de níveis não vistos desde o fim de 2013.