Por parroyo

Passado o vencimento de opções sobre ações, que deixou a Bovespa volátil durante a manhã, o mercado definiu trajetória negativa e fechou no vermelho nesta segunda-feira, com o mau humor sobre a Petrobras contaminando as negociações.

As ações da petroleira perderam mais de 4% diante da possibilidade de que recentes denúncias de corrupção impactem suas demonstrações contábeis. A estatal Eletrobras também despencou após ampliar prejuízo no terceiro trimestre.

O Ibovespa perdeu 1%, aos 51.256 pontos. O giro do pregão foi de R$ 9,17 bilhões, inflado pelo vencimento de opções, que movimentou R$ 4,16 bilhões de reais. 

As ações da Petrobras caíram pelo terceiro pregão seguido, após explicar em teleconferência os resultados operacionais do terceiro trimestre e o adiamento do balanço. Petrobras PN teve queda de 4,55%.

Os principais executivos da companhia disseram que ela pode ter eventuais baixas contábeis proporcionais ao tamanho das propinas pagas na contratação de obras, com base em provas entregues à Justiça no âmbito da operação Lava Jato, da Polícia Federal.

A Petrobras também informou mais cedo que não cumprirá a meta de elevar a produção de petróleo no país em cerca de 7,5% em 2014, alegando atrasos na entrega de plataformas e necessidade de obras, entre outros fatores.

"Existe no mercado uma visão mais otimista de que passando uma peneira no alto escalão da empresa pode haver uma perspectiva melhor de governança no longo prazo", disse o analista Raphael Figueredo, da Clear Corretora. "Mas no curto prazo o mercado sente (as denúncias) como algo negativo, pois ninguém sabe o tamanho do rombo e não há política transparente sobre reajuste (de combustíveis)", completou.

As ações preferenciais Eletrobras despencaram 9%. A estatal de energia elétrica ampliou prejuízo no terceiro trimestre para R$ 2,7 bilhões, ante resultado negativo de R$ 915 milhões no mesmo período de 2013, levando o seu diretor financeiro, Armando Casado, a afirmar analistas que a Eletrobras pode ficar sem pagar dividendos em 2014.

Papéis do setor siderúrgico como Usiminas e Gerdau também ficaram entre as maiores baixas, após dados do Instituto Aço Brasil mostrarem queda na produção de laminados planos e aços longos em outubro.

No campo positivo, o destaque foi Banco do Brasil e empresa de pagamentos eletrônicos Cielo, além da gigante de bebidas Ambev.

BB e a Cielo informaram pela manhã que há negociações entre a Cielo e a BB Elo Cartões, subsidiária do BB, sobre gestão das transações de cartões de crédito e débito.

Eletropaulo subiu quase 2%. O Tribunal Regional Federal de Brasília adiou nesta segunda-feira caso em que a empresa tenta evitar pagar cerca de R$ 600 milhões a consumidores de São Paulo, transferindo expectativas sobre uma decisão para a próxima segunda-feira.

Dólar

O dólar fechou quase estável ante o real nesta segunda-feira em um pregão volátil, ainda reagindo às incertezas sobre o futuro da política econômica, mas rumores de que o próximo ministro da Fazenda teria um perfil que agrada mais o mercado compensaram a pressão.

O quadro doméstico de incertezas levou a moeda norte-americana a subir em dez das 11 sessões passadas e renovar as máximas em quase uma década, o que, segundo analistas, abriu espaço para ajustes neste pregão.

A divisa dos Estados Unidos teve leve variação positiva de 0,02%, a R$ 2,601 na venda, ainda na máxima desde abril de 2005. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,4 bilhão de dólares.

"Essa incerteza sobre o ministro (da Fazenda) está deixando o mercado tão sensível quanto estava na época das pesquisas eleitorais", disse o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold.

Diversos rumores sobre a equipe econômica têm circulado nas mesas de câmbio nas últimas sessões. Segundo operadores, os boatos desta manhã não citavam nomes, apenas expectativas de que o próximo ministro da Fazenda, que substituirá Guido Mantega, teria uma posição mais pró-mercado.

Os nomes mais cotados nos últimos dias para o posto eram o ex-secretário-executivo da pasta Nelson Barbosa, o ex-presidente do BC Henrique Meirelles --claro favorito do mercado-- e o atual presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini.

"O cenário interno definitivamente não está favorável. Temos muita indefinição, sobre a equipe econômica, Petrobras, política econômica. Nesse contexto, o investidor não se arrisca", afirmou o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, referindo-se aos desdobramentos da operação Lava Jato da Polícia Federal e à suspensão da divulgação do balanço da petrolífera.

O avanço recente da moeda norte-americana levou o BC a aumentar a oferta de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, na rolagem dos contratos que vencem em dezembro.

O BC vendeu nesta sessão a oferta integral de até 14 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 1º de dezembro, equivalentes a US$ 9,831 bilhões, mais do que os US$ 9 mil que vinha ofertando até então. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 47% do lote total.

Mais cedo, o BC também vendeu a oferta total de até 4 mil swaps pelas atuações diárias, com volume correspondente a US$ 197,4 milhões. Foram vendidos 3 mil contratos para 1º de junho e 1 mil para 1º de setembro de 2015.

Você pode gostar