Por parroyo

Numa semana agitada, marcada novamente pela tensão política, o Ibovespa acumulou perdas de 3,60% nas últimas cinco sessões. Na sexta-feira, após a divulgação do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu 0,1% no ano passado, a cautela prevaleceu no mercado e o principal índice da Bolsa teve queda de 0,96%, aos 50.094 pontos. Apesar de ter defendido o importante patamar dos 50 mil pontos, a tendência segue negativa.

Para os próximos pregões, os investidores vão olhar a agenda. Porém, de acordo com o analista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, a cena política será o foco da atenção. “A governabilidade do PT está sendo posta à prova, e parte da reforma fiscal depende da aprovação do Congresso”, destacou.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aceitou adiar até terça-feira a votação do projeto que obriga o governo a regulamentar, em 30 dias, a lei que muda o indexador da dívida dos estados e municípios - o impacto anual da regra no orçamento, calculado pelo Ministério da Fazenda, é de R$ 3 bilhões.

Na manhã da mesma terça-feira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, vai detalhar o ajuste fiscal à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, discurso que tentará convencer os senadores sobre a importância do corte de gastos. De acordo com o economista da XP Investimentos, Gustavo Cruz, a fala de Levy não deve trazer novidades ao debate.

Na opinião de Brugger, Dilma está em uma situação complicada. “Por um lado, tem que criar uma aproximação com os presidentes da Câmara e do Senado, para conseguir aprovar as medidas no Congresso e retomar a governabilidade; por outro, a aproximação com essas figuras, cujos nomes estão na lista de investigados na Lava Jato, pode fazer a opinião pública se voltar ainda mais contra o governo”, avaliou.

Entre os indicadores domésticos da agenda, o destaque é o resultado da produção industrial referente a fevereiro. “A perspectiva é que venha um número negativo, o que pode sinalizar que a economia deste ano deve ser bem fraca”, pontuou Cruz. De acordo com projeção da consultoria LCA, o índice deve cair 10% na comparação anual e retrair 1,3% em relação a janeiro.

A análise técnica aponta a continuidade da tendência de baixa no curto prazo para o Ibovespa. Apesar de operar volátil na semana, o índice defendeu o importante patamar dos 50 mil pontos ao terminar a sexta-feira aos 50.094 pontos. A Itaú Corretora destaca o patamar de 49.700 pontos como um relevante suporte, que, se perdido, abre espaço para queda até os 47.800 pontos. “Do lado da alta, o mercado ganhará ponto de compra quando ultrapassar os 52.500 pontos”, apontou a corretora, em nota.

Na agenda norte-americana, o relatório geral de emprego referente ao mês de março, Payroll, é o dado mais aguardado, pois baliza as apostas da data em que o Federal Reserve irá subir os juros. Até agora, o mercado precifica que esse ajuste aconteça em setembro, mas há alguns economistas que acreditam na alta já em junho. Entretanto, os números divulgados só irão refletir nas bolsas na próxima semana, pois, na Sexta-Feira Santa (03/04), tanto os mercados do Brasil quanto o dos Estados Unidos não operam.

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