Por parroyo

O principal índice da Bovespa fechou em queda nesta quarta-feira, pressionado pelo forte tombo das ações da mineradora Vale, após o minério de ferro recuar pela primeira vez em duas semanas no mercado à vista da China. O Ibovespa caiu de 0,87%, aos 55.325 pontos. O volume financeiro na sessão somou R$ 7,5 bilhões .

As preferenciais da Vale caíram 7,87% e as ordinárias recuaram 6,39%. O minério com entrega imediata nos portos chineses recuou 3,9% nesta quarta-feira, para US$ 56,90 por tonelada, na primeira queda desde 15 de abril.

A Vale apresenta seu balanço na quinta-feira antes da abertura do mercado e estimativas compiladas pela Reuters apontam queda de 61,8% no lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado, por conta da queda do preço do minério.

O recuo nos papéis dos bancos também pesou, com Bradesco caindo 2,37% e liderando as perdas do setor no Ibovespa, após seu balanço do primeiro trimestre mostrar alta nas provisões, ofuscando o ganho de rentabilidade.

A bolsa pouco reagiu ao comunicado sem surpresas da reunião de política monetária do Federal Reserve, com o banco central norte-americano ainda atrelando a alta do juro a dados, enquanto vê o mercado de trabalho e a economia fracos.

Na visão do economista Samuel Kinoshita, sócio na MVP Capital Gestão de Recursos, o Fed não fez uma movimentação peremptória que exclua a possibilidade de alta do juro em junho, como alguns no mercado aventavam, mas indicou que precisa de mais tempo para ter certeza de que a desaceleração é transitória.

Os contratos futuros de juros com vencimentos mais curtos nos EUA embutiam uma chance de alta do juro apenas em dezembro.

Ainda é aguardada decisão de juros do Banco Central no Brasil nesta quarta-feira, com apostas majoritárias na alta da taxa Selic de 12,75% para 13,25%.

Dólar

O dólar fechou em alta ante o real ao fim de uma sessão volátil nesta quarta-feira, após as expressivas quedas das sessões recentes e com investidores avaliando que o comunicado de política monetária do Federal Reserve não trouxe grandes novidades.

A moeda norte-americana avançou 0,52%, aos 2,957 na venda, após chegar a subir 0,80% na máxima da sessão e recuar 0,93% na mínima.

Analistas atribuíram a volatilidade à expectativa antes da decisão do Banco Central brasileiro sobre a Selic, que será anunciada após o fechamento dos mercados, à agenda de indicadores norte-americana carregada.

O Federal Reserve destacou em comunicado nesta quarta-feira a fraqueza no mercado de trabalho e na economia dos Estados Unidos, sugerindo que poderá ter que esperar até o terceiro trimestre para começar a elevar os juros na maior economia do mundo.

Pela manhã, o mercado já havia se preparado para uma mensagem cautelosa do Fed, após dados mostrarem que os EUA crescerem apenas 0,2%  em termos anualizados no primeiro trimestre, bem abaixo das expectativas de analistas, que previam expansão de 1%.

"Temos visto alguns dados decepcionantes recentemente, mas o Fed está caracterizando-os como parcialmente transitórios, então não acredito que esse documento realmente mude muito", disse o estrategista-chefe macro global do Wells Fargo Investment Institute, Gary Thayer.

Economistas vêm afirmando que é mais provável que o Fed eleve os juros em setembro do que em junho, enquanto os mercados financeiros indicam que o aperto monetário pode começar ainda mais tarde.

O dólar chegou a romper durante a sessão passada a barreira de R$ 2,90 pela primeira vez em dois meses, mas novos catalisadores serão necessários para que a divisa volte a testar esses patamares. Isso poderia acontecer, segundo operadores, se o Banco Central confirmar as expectativas do mercado e elevar a Selic em 0,50 ponto percentual nesta quarta-feira, a 13,25%.

"Com essa alta de juros, fica bem atraente aplicar aqui, então pode ter fluxo de câmbio", afirmou o operador de uma corretora nacional sob condição de anonimato. "Se o Brasil fizer o dever de casa, recuperar a credibilidade e continuar com esses juros, não tem para ninguém", acrescentou.


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