Publicado 19/11/2021 13:12 | Atualizado 19/11/2021 13:41
Macaé - Atriz, cantora, produtora cultural, cerimonialista, empreendedora e o que mais couber na vida da Sheila Juvêncio, de 39 anos. Nascida em Macaé, onde mora até hoje, é filha de um casal mineiro, irmã de três homens e foi criada até a adolescência entre os bairros Barra e Nova Holanda, onde sua paixão pela arte fala mais alto desde criança. Mas o que aquela menina cheia de sonhos não sabia, era que seu destino já estava traçado.
Inscrita num curso livre de teatro na Escola Municipal de Artes Maria José Guedes durante o período escolar, através de uma professora da Escola Municipal Samuel Brust, ela via nessa oportunidade, a primeira chance de trilhar seu caminho artístico, embora ainda não conhecesse as possibilidades que a área pudesse proporcionar. “Essa foi a minha escolha quando criança, e estou inserida na EMART, desde então”, disse.
Mas se engana quem acredita que a artista só teria talento para a atuação. Sua potência era tanta, que os anos foram passando e Sheila sabia que poderia mais. Anos depois, já adulta, trabalhando na área offshore, se apoiou em suas habilidades artísticas e juntou o útil ao agradável. Dentro do setor enveredou para a produção, organizando desde os eventos pessoais dos seus colegas de trabalho a celebrações dos segmentos da própria empresa, nascendo em seguida, a ideia de empreender cada vez mais no campo de festas.
Ao sair do mercado offshore, a multifacetada passou a se dedicar ao que vinha transbordando em seu peito: a vontade de expandir seus conhecimentos culturais. “Sempre levei o teatro muito a sério desde quando eu estudava, participando de muitos festivais. Todas as montagens que tinham na época, de fato, eu queria participar. Nunca me vi como boa atriz, mesmo gostando de atuar e sendo boa nas ações técnicas, iluminação, cenografia, figurino, maquiagem etc. Eu gostava muito da produção. Com isso, nas peças como a ‘A paixão de Cristo’, por exemplo, eu tentava trabalhar na produção. Eu achava que teatro fosse só atuação, mas quando fui para o Núcleo Cultural CIEM H2, a convite do Renato, me formei em liderança, gestão de projetos e produção, e foi ali que entendi qual era a minha vertente. Com eles produzi muitos projetos e viajei bastante”, revelou Sheila.
Em 2012, a versátil viu a oportunidade de ganhar dinheiro empreendendo e criando seu próprio negócio, começando sua empresa como ‘Sheila Juvêncio’ e, passando, para a atualmente ‘Juvêncio Produções’. Tentando fortalecer sua empresa no mercado, ela participou do programa ‘Shell Iniciativa Jovem’, não ganhando, mas indo até a final após inúmeras etapas de aprovações, colhendo experiências e amadurecendo, afinal, Sheila produziu e participou de muitos projetos do mesmo posteriormente.
E, passeando por várias vertentes do teatro durante esses mais de 20 anos de entrega ao ofício da arte, Sheila só não contava com mais uma novidade em sua trajetória: ser convidada, em 2017, após 10 anos de sua formação, para comandar a escola artística que a lapidou, a especializou e a fez enxergar a cultura para além dos palcos. “Quero muito resgatar o que é cultura de fato, que é algo além do entretenimento. Entrei como diretora literalmente no início da pandemia, que muito impactou este segmento. Criar uma nova metodologia de ensino a distância foi um desafio, mas tenho uma equipe muito competente e responsável”, afirma.
Tendo se separado um pouco antes do início do cenário pandêmico, Sheila acredita que os seus trabalhos ajudaram a driblar suas emoções, a recarregando em prol da direção do teatro - que migrou para o formato remoto em virtude do isolamento social - principal medida de contenção na disseminação do vírus, e da ‘Juvêncio Produções’, que foi a primeira empresa de eventos a realizar uma festa de quinze anos de forma virtual.
Além de premiada multiartista, a sua dedicação e competência como cerimonialista e produtora de eventos, a tornaram referência na cidade também neste setor. “Ser referência nessa área ainda me assusta, por serem lugares ditos como não pertencentes a nós. Sou mulher, negra, gorda, periférica, dona da minha vida. E quero ser mais e proporcionar muito mais, lançando meus cursos de liderança para artistas e mulheres negras, quero muito poder falar de uma oratória despretensiosa para que as pessoas consigam ser quem são e desejam, celebrar mais casamentos já que amo contar histórias afetivas e oferecer calmaria, que é o que tenho tido hoje”, contou.
Já sobre o que a arte representa em sua vida, Sheila Juvêncio pontua. “Hoje a arte é a forma que vivo. Tenho total consciência do que a arte em si, tanto no sentido literário, na forma que me move e no quanto ela pode me inspirar e mobilizar a abordar sobre políticas públicas, questões culturais e valor afetivo. É nela que vivi e vivo minha vida, seja na ‘EMART’, no ‘CIEM H2’ ou na ‘Juvêncio Produções’. Arte significa um pedaço de mim. Nem sei o que seria de mim sem esse lugar de âncora. A falta de proximidade com a minha família em determinados momentos, foi suprida através dela, seja por meio do teatro, das produções, dramaturgias, roteiros etc”.
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