Nova York - O encarregado da defesa de Guzmán, Eduardo Balarezo, disse nesta quinta-feira, após uma audiência na corte federal do Brooklyn, ter recebido de "amigos" de "El Chapo" um primeiro pagamento parcial de seus honorários, de um total de três, mas que não estão em condições de pagar o restante.
Ele insistiu em que continuará defendendo seu cliente, mas "há coisas que precisamos fazer que não podemos por falta de fundos" para gastos de viagens, em investigações e peritos ou para obter documentos, explicou o advogado a jornalistas após a audiência.
O ex-chefe do cartel de Sinaloa, de 60 anos, que protagonizou duas fugas espetaculares de prisões mexicanas, é acusado de comandar um dos maiores impérios do narcotráfico das Américas e de enviar mais de 200 toneladas de cocaína aos Estados Unidos. Se for declarado culpado, pode ser condenado à prisão perpétua.
Balarezo disse que há umas 100 testemunhas potenciais do governo, presos que buscam a redução de suas penas. "El Chapo" quis ler uma carta na audiência, mas o juiz Brian Cogan não o permitiu e a promotoria informou estar preocupada de que aproveitasse a ocasião para enviar mensagens a alguém.
Segundo Balarezo, entre outras coisas, "El Chapo" queria insistir em que não se declarará culpado, nem colaborará com o governo e que só quer um julgamento justo. O ex-chefe do tráfico dirigiu-se, então, a seu advogado, e pediu que lhe explicasse "o problema" que tem com "o ar" condicionado em sua cela. "Diga-lhe que estou doente com toda a situação", afirmou.
"El Chapo" sofre "constantemente de dores de cabeça e vomita quase todos os dias", explicou Balarezo aos jornalistas. "Ou está muito frio ou muito quente, não consegue dormir, não consegue se concentrar, não consegue ajudar em sua defesa pelas condições", disse Balarezo. Não lhe permitem comprar comida e lhe dão "muitas vezes um pedacinho de presunto com uma fatia de pão, talvez um suco; isso é tudo".
Sua esposa, a ex-miss Emma Coronel, mais de 30 anos mais jovem que "El Chapo", esteve, como de hábito, na corte, com as duas filhas gêmeas do casal, de seis anos, que também o visitaram esta semana na prisão durante uma hora. O acusado as saudou com a mão.
O processo de seleção dos jurados, que deve durar uma semana, começará em 5 de setembro, e o julgamento "três a quatro meses".
"Tomara que terminemos para o Natal", disse Balarezo, destacando que a promotoria já entregou mais de 300.000 páginas de evidências.
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