França - Dois dias depois de um atentado no sul da França, o país homenageou neste domingo as quatro vítimas fatais de Radaouane Lakdim, um pequeno criminoso radicalizado que foi abatido durante a operação das forças de segurança que acabou com seu ataque.
Um aposentado, um açougueiro, um ex-viticultor e um gendarme morreram na sexta-feira. O falecimento do tenente-coronel da Gendarmeria Arnaud Beltrame causou especial comoção.
Beltrame, de 45 anos, que se casaria em uma cerimônia religiosa em junho, morreu como um "herói" depois de se oferecer para substituir um refém capturado por Lakdim.
O bispo de Carcassonne e Narbonne, que neste domingo celebrou uma missa em Trèbes, localidade onde o agressor entrou em um supermercado para continuar seu atentado, reivindicado pelo Estado Islâmico, homenageou a memória das vítimas.
"Uma vida dada não pode estar perdida", declarou o bispo Alain Planet em uma brave homilia.
"Queremos que isso acabe", suspirou Jean-Pierre Bordeaux, que compareceu com sua mulher, Henriette, à missa de Domingo de Ramos junto com centenas de moradores de Trèbes.
Radicalização
O presidente americano, Donald Trump, assim como a primeira-ministra britânica, Theresa May, enviaram mensagens de apoio. O presidente francês, Emmanuel Macron, reiterou sua "determinação" na luta contra o "terrorismo".
"Precisamos deixar de ser ingênuos. O Estado Islâmico está ganhando, temos que acordar", lançou neste domingo Geoffroy Didier, do partido de direita Os Republicanos, que pede "a internação" dos militantes islamitas "mais perigosos".
Radouane Lakdim era conhecido pelos serviços de Inteligência, que pensaram "que não havia radicalização", reconheceu o ministro do Interior, Gérard Collomb.
Os investigadores ainda precisam esclarecer, porém, questões da radicalização do agressor, se ele teve cúmplices e quais seriam seus eventuais vínculos com o grupo Estado Islâmico.
Em agosto de 2016, Lakdim foi preso por um mês condenado por "portar armas proibidas", "uso de entorpecentes" e "rebelião".
Naquele ano e no seguinte, os serviços de Inteligência voltaram a vigiá-lo, mas sem perceber um sinal que antecipasse que ele passaria à ação, declarou o procurador de Paris, François Molins.
O presidente do Centro de Análise de Terrorismo, Jean-Charles Brisard, explica que "o fato de passar à ação não segue uma lógica de grupo, e o vínculo entre esses atores locais e as organizações terroristas é cada vez mais virtual".
"Já não existem perfis certos, os modus operandi são improvisados, e as armas, rudimentares", acrescentou.