Muçulmanos da Caxemira gritam palavras de ordem contra indianos durante um protesto à luz de velas depois do estupro e assassinato de uma menina muçulmana AFP/Photo/ Tauseef Mustafa
Por AFP
Publicado 13/04/2018 16:04 | Atualizado 13/04/2018 16:04

Índia -  A Índia se encontra, esta semana, em estado de comoção por dois casos de estupro, um deles em grupo contra uma menina muçulmana de oito anos, que depois de abusada foi assassinada. Os crimes obrigam o país a se confrontar com o lado obscuro de sua sociedade.

"O que podemos dizer de um país que transformou o estupro coletivo e a morte de uma menina em arma política?", questionou, nesta sexta-feira, o intelectual Pratab Bhanu Mehta em um artigo de opinião no jornal Indian Express.

Estas duas agressões sexuais geraram manifestações de repúdio, mas sem causar, por enquanto, um movimento maciço similar ao produzido após o estupro coletivo e assassinato de uma jovem em Nova Délhi em 2012, um caso que estremeceu todo o planeta.

Na época, a classe média indiana se identificou com aquela estudante de medicina estuprada em um ônibus quando saía com um amigo do cinema. Desta vez, os casos tiveram como cenário lugares muito mais modestos e marginais.

Em Uttar Pradesh, um estado grande, pobre e notoriamente corrupto no norte do país, um influente legislador do partido do primeiro-ministro, Narendra Modi, é acusado de ter estuprado uma adolescente em junho no distrito de Unnao.

O caso ganhou interesse nacional após a morte, quando estava em detenção policial, do pai da jovem. Esta tentou imolar-se com fogo para protestar contra a polícia, que acusa de ter torturado seu pai, que queria prosseguir com as investigações.

Ante a pressão midiática, o caso foi transferido aos investigadores federais do CBI (equivalente indiano ao FBI).

O legislador, Kuldeep Singh Sengar, nega as acusações contra ele. "Trata-se de pessoas de classes baixas. É uma conspiração de criminosos", declarou à imprensa. Até agora, o político não foi preso.

Pena de morte 

Mais ao norte, no estado indiano de Jammu e Caxemira, o corpo de uma menina de oito anos de uma tribo nômade foi encontrado em janeir: { "c2": "6987205" }, "extraUrlParams": { "comscorekw": "amp" } } o em Kathua. Ela desapareceu quando foi à floresta procurar pôneis perdidos.

Segundo a ata de acusação da polícia, publicada esta semana, a vítima foi sequestrada por habitantes locais, que a mantiveram em cativeiro por cinco dias em uma cabana e depois em um templo hindu.

Durante o sequestro, vários homens, entre eles um policial, teriam estuprado a menina de forma sucessiva. Depois, ela foi estrangulada e sua cabeça, esmagada com uma pedra. Oito homens foram presos.

Segundo os investigadores, os homens quiseram aterrorizar os Bakerwals, comunidade nômade de pastores muçulmanos a que pertencia a menina, para dissuadi-los de ir à sua região.

O crime provocou reações indignadas no mundo político e na sociedade civil. O primeiro-ministro, Modi, um nacionalista hindu, não se pronunciou sobre nenhum dos dois casos.

Já sua ministra encarregada da mulher e da infância, Maneka Gandhi, afirmou no Twitter que tentaria mudar a legislação em vigor para punir "com pena de morte o estupro de menores de 12 anos".

Cerca de 40.000 casos de estupro são denunciados por ano na Índia, segundo as estatísticas oficiais. Os observadores consideram que isso só representa a ponta do iceberg devido à intensa cultura do silêncio que prevalece sobre este tema na sociedade indiana.

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