Moscou - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o do Irã, Hassan Rouhani, que são os dois principais aliados do presidente da Síria, Bashar al-Assad, conversaram neste domingo por telefone e fizeram declarações sobre o ataque de Estados Unidos, França e Reino Unido a instalações militares sírias.
Os líderes, com linguagem diplomática moderada, "concordaram que esta ação ilegal afeta negativamente as perspectivas de um acordo político", de acordo com um comunicado divulgado pelos russos.
Putin ressaltou que novas ações do tipo violariam a Carta da Organização das Nações Unidas e "isso inevitavelmente gera caos nas relações internacionais". A nota citou Rouhani: "Os EUA e alguns países do Ocidente não querem que a Síria atinja a estabilidade permanente".
Neste domingo, uma equipe de investigadores da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) iniciou, em Duma, perto de Damasco, a investigação sobre o suposto ataque químico que desencadeou os bombardeios.
Na Síria, um dia depois do ataque ocidental, a guerra civil seguiu como se nada tivesse acontecido. As forças de Assad avançavam em áreas fora do controle do regime, a norte de Damasco.
Os aviões sírios realizaram ao menos 28 ataques nas proximidades de Homs e Hama, inclusive em áreas civis, afirmou o grupo de socorro Capacetes Brancos, que afirmou que parte dos ataques foi contra residências. Washington disse que anunciará hoje novas sanções contra a Rússia, o que foi visto em Moscou como uma provocação.
No rastro das armas químicas
O trabalho será complicado para os investigadores que chegam no local mais de uma semana depois dos fatos, em uma área que desde então esteve sob o controle das tropas sírias e da polícia militar russa. A equipe da OPAQ terá que lidar com o risco de que as provas tenham sido eliminadas do local.
Os investigadores buscarão provas que mostrem se o local do incidente foi alterado", apontou Ralf Trapp, consultor e membro de uma missão anterior da OPAQ à Síria.
Os últimos combatentes rebeldes de Duma, juntamente com os civis, foram evacuados no sábado para áreas do norte da Síria, como parte de um acordo de rendição assinado dois dias após o suposto ataque químico. Sujeita a um cerco de cinco anos e violentos bombardeios do regime, a cidade está devastada.
Em 2014, a OPAQ indicou que a Síria havia se desfeito de seu arsenal de armas químicas, mas uma missão conjunta com a ONU concluiu que Damasco tinha usado gás sarin em 2017 contra o vilarejo de Khan Sheikhun, numa zona rebelde.
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