Itália - O presidente da Itália, Sergio Mattarella, propôs nesta segunda-feira um governo "neutro" para assumir o país até o fim de 2018. Ele afirmou que, atualmente, não há esperanças para uma aliança política e que a nação italiana não pode esperar ainda mais para ter uma liderança. A proposta foi feita às forças políticas com maior número de votos na eleição de março, em razão da ausência de acordo sobre uma maioria parlamentar.
A Itália enfrenta um terceiro mês de paralisia política depois que as negociações entre a centro-esquerda e o Movimento Cinco Estrelas sobre um governo de coalizão não saíram do papel.
Sem indicar ainda quem poderia liderar este governo, ele pediu aos partidos para que sejam "responsáveis" e apoiem esta solução. Sem isso, ele ameaçou convocar novas eleições.
Falando à imprensa após um último dia de consultas mais de dois meses após as eleições de 4 de março, o presidente explicou que este governo seria responsável por dar voz à Itália no cenário internacional e adotar o orçamento de 2019, antes de novas eleições no início do próximo ano.
O Movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema) e a Liga (extrema-direita), que hoje são maioria, repetiram nesta segunda-feira sua oposição a um governo técnico e sua disposição de voltar às urnas em julho.
Mas para Mattarella, uma nova votação em julho sem uma reforma eleitoral pode não alterar o equilíbrio de poder, enquanto uma eleição em outubro ameaçaria a adoção do orçamento e, portanto, a estabilidade financeira do país.
Em caso de rejeição deste governo neutro, "esta legislatura seria a primeira na história da República Italiana a parar antes mesmo de começar", argumentou.
E o presidente indicou ainda que se uma maioria política surgir nos próximos meses, o governo "neutro" renunciaria imediatamente.
A ideia do mandatário é que os partidos deem suporte a esse governo de transição pelo menos até a aprovação de um orçamento para o ano que vem e alertou sobre como convocar novas eleições antes de 2019 exporia a Itália a riscos indevidos.
Ele não encontrou um acordo para a formação do novo governo entre os partidos italianos. No pleito de dois meses atrás, o Movimento Cinco Estrelas (M5S) recebeu a maior quantidade de votos, seguido pela Liga e pelo Força Itália, do ex-premiê Silvio Berlusconi.
Mattarella não sugeriu quaisquer nomes para o governo "neutro", mas ressaltou que seus eventuais líderes não poderiam se candidatar à eleição no ano que vem.
"Espero que as diversas forças (políticas) tenham uma resposta positiva e assumam suas responsabilidades no interesse da Itália", disse o atual chefe de Estado.
Já o líder da Liga, Matteo Salvini, insiste que o Mattarella dê um mandato à aliança de centro-direita para que ela tente construir uma maioria no Parlamento do país.
Mas, ao mesmo tempo, Salvini não aceita a proposta de aliança do M5S por rejeitar a condição de que ele se afaste de Berlusconi.
Enquanto isso, o líder do M5S, Luigi di Maio, prometeu recusar qualquer proposta para formar um governo "técnico" vinda de Mattarella.
*Com informações da AFP