Soldados franceses montam guarda no mercado de Natal em frente à Catedral - AFP
Soldados franceses montam guarda no mercado de Natal em frente à CatedralAFP
Por AFP

Strasbourg - Mais de 400 policiais buscam, nesta quarta-feira, o autor de um ataque que deixou três mortos na terça à noite perto do mercado de Natal da cidade de Estrasburgo, no leste da França.

"Continuamos procurando o atirador. Quase o pegamos ontem à noite (...) mas ele fugiu, após uma troca de tiros com a polícia", disse o prefeito de Estrasburgo, Roland Ries.

O agressor, de 29 anos, abriu fogo pouco antes das 20h locais (17h em Brasília) em três lugares do centro histórico de Estrasburgo, em meio ao famoso mercado de Natal dessa cidade. A cada ano, mais de dois milhões de turistas passam por lá.

Membros das forças especiais da polícia francesa realizam buscas em uma margem do rio Reno em Estrasburgo (Frederick Florin / AFP) - AFP

Três pessoas morreram, e 13 ficaram feridas, de acordo com o último balanço provisório divulgado nesta quarta de manhã. As autoridades afirmam que esse número ainda pode se alterar, devido ao estado grave de algumas das vítimas.

"Alguns receberam uma bala na cabeça", relatou Ries.

As vítimas do ataque são homens, em sua maioria, entre eles um turista tailandês.

Um atirador matou três pessoas e feriu outras 13 perto do famoso mercado de Natal na cidade francesa de Estrasburgo antes de fugir do local (Abdesslam Mirdass / AFP) - AFP

O autor do tiroteio tem um "arquivo S", que identifica os indivíduos que oferecem um risco de segurança para a França. Cerca de 25 mil pessoas constam desse arquivo e, destas, 10 mil estão enquadradas por radicalização islamista.

Cerca de 420 policiais caçavam o suspeito nesta manhã. "Não se pode excluir" que tenha cruzado a Alemanha, afirmou o secretário de Estado do Interior, Laurent Nuñez, acrescentando que o controle das fronteiras foi reforçado.

Nuñez afirmou que "ainda não se estabeleceu" que tenha sido um ataque "terrorista" e pediu "prudência" sobre a classificação dos fatos.

'Nó no estômago'

O agressor tem antecedentes penais por vários delitos, mas "nunca esteve relacionado com fatos ligados ao terrorismo", disse o secretário de Estado à rádio France Inter.

"Esteve na prisão várias vezes e foi lá que se detectou uma radicalização, mas na prática religiosa. Nunca havia dado sinais de querer passar para a ação", completou Nuñez.

Segundo uma fonte ligada ao caso, ele seria preso esta manhã por tentativa de homicídio, mas fugiu.

Foi alcançado depois da troca de tidos com soldados da Operação Sentinelle, um contingente militar mobilizado em todo país desde os atentados de 2015, em Paris, relatou uma fonte policial. Ainda assim, conseguiu escapar, declarou o ministro do Interior, Christophe Castaner.

No centro de Estrasburgo, que ficou durante horas totalmente isolada, a praça da catedral, centro nevrálgico do mercado de Natal, ainda estava praticamente vazia às 7h30 da manhã.

"Tínhamos um nó no estômago" ao sair de casa esta manhã, disse Cathia, que esteve em uma das ruas onde houve o tiroteio ontem.

'Urgência: atentado' 

As autoridades elevaram o nível de alerta terrorista para "urgência: atentado", o mais alto da escala. Esta medida inclui controles reforçados nas fronteiras e em todos os mercados de Natal na França "para evitar o risco de cópia", indicou o ministro do Interior.

A feira de Estrasburgo permanecerá fechada nesta quarta-feira, assim como as demais apresentações da cidade.

Este mercado já havia sido alvo de um projeto de atentado em 2000. Está protegido por um forte esquema de segurança, que inclui 260 policiais.

Estrasburgo é sede do Conselho e do Parlamento Europeus, que foi imediatamente cercado. Os eurodeputados, que estavam no meio da sessão, foram confinados por várias horas até serem retirados às 3h locais (0h em Brasília).

A França vive sob ameaça terrorista desde a onda de atentados extremistas de 2015, a pior na história recente do país. Desde então, 246 pessoas morreram em atentados em solo francês.

Este ano, o país foi alvo duas vezes de ataques que deixaram cinco mortos. Um deles aconteceu em maio, em Paris (um morto), e o outro, em março, em Carcassone e Trèbes (sul), com quatro vítimas fatais.

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