Integrante do "coletes amarelos" protesta contra Macron na FrançaSYLVAIN THOMAS / ARQUIVO / AFP
Por AFP

Paris - Mais tranquilo com a mobilização menor dos "coletes amarelos" durante o fim de semana, que organizaram protestos pelo quinto sábado consecutivo, o governo francês inicia uma corrida contra o tempo para implementar as medidas anunciadas pelo presidente Emmanuel Macron e organizar uma grande consulta com a esperança de acabar com a crise.

Centrado nesta crise sem precedentes, Macron cancelou a viagem a Biarritz, no sul do país, onde devia lançar a presidência francesa do G7. Ele o fez para preparar a "grande concertação nacional", destinada a acalmar a tensão.

É uma "priorização normal da minha agenda", declarou Macron à margem de um encontro com o presidente de Burkina Faso, Roch Marc Kaboré, no Palácio do Eliseu, sede do Executivo francês.

Na terça, ele reunirá o conjunto de associações e seguradores privados e ministros para organizar o debate público nacional para finalizar e esclarecer suas regras até a quarta-feira, e por isso sua presença em Paris é necessária.

As modalidades deste grande debate, previsto até 1º de março, ainda não estão claras. Tem que se apoiar em grande parte nos prefeitos e abordar quatro grandes temas (transição ecológica, fiscalização, organizações do Estado e democracia cidadã, onde se incluiu a imigração).

O primeiro-ministro, Edouard Philippe, iniciou a semana decisiva com uma entrevista ao jornal Les Echos na qual detalhou as medidas anunciadas há seis dias pelo presidente. Entre elas estão o aumento de 100 euros mensais para os trabalhadores que recebem salário mínimo, a retirada de tributos das horas extras e a isenção de aumento de impostos para alguns aposentados.

Estas medidas terão um custo de 10 bilhões de euros para os cofres públicos e farão o déficit atingir 3,2% do PIB em 2018, de acordo com as autoridades.

Para atenuar o impacto no Tesouro, o governo decidiu adiar em um ano a redução de impostos para as empresas que seria aplicada em 2019. A medida será aplicada, no entanto, às empresas com faturamento menor a 250 milhões de euros por ano.

Estas medidas serão apresentadas em forma de projeto de lei na quarta-feira ao Conselho de Ministros, antes de serem enviadas à Assembleia na quinta-feira e ao Senado, na sexta-feira. Nas estradas do país ainda eram muitos os que bloqueavam as rotatórias e interrompiam as vias para protestar contra a política fiscal e social do governo.

Alguns pontos, no entanto, ainda estavam sendo avaliados. Estas mobilizações vão "continuar", afirmou o ministro do Interior, Christophe Castaner. "Digo-o claramente. 'Chega!'", insistiu, acrescentando: "Não podemos seguir paralisando a economia francesa".

Em Quimperlé, na Bretanha (oeste), os "coletes amarelos" foram desalojados várias vezes pelas forças de segurança de uma rotatória que ocupavam perto de uma área comercial. "Nos expulsam das nossas rotatórias, assim damos voltas, vagamos, nos instalamos, nos desalojam de novo, temos que encontrar uma solução", explicou à AFP um deles, Christian Heurdier.

Nesta segunda, membros dos "coletes amarelos" anunciaram a criação de uma lista para as próximas eleições europeias, que serão celebradas em maio.

"Estas eleições serão a forma de fazer valer as reivindicações dos 'coletes amarelos' em nível institucional", declarou à imprensa Francis Lalanne, cantor francês alinhado com o movimento. Uma das principais reivindicações do grupo é a instauração de um Referendo de Iniciativa Cidadã (RIC), à qual o premiê se mostrou favorável, "mas não de qualquer forma".

"Não quero que amanhã acordemos com a pena de morte no nosso país", advertiu Stanislas Guerini, delegado-geral do partido de Macron.

 

 

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