Trump reuniu-se com os legisladores do Partido Republicano para reforçar a sua determinação e apoio para o seu muro fronteiriço proposto com o México Alex Wong/Getty Images/AFP
Por AFP
Publicado 10/01/2019 09:11 | Atualizado 10/01/2019 09:11

Washington - O presidente americano, Donald Trump, abandonou nesta quarta-feira uma reunião com os líderes democratas, destinada a encerrar a paralisação orçamentária que se encaminha a ser a mais longa da história do país, insistindo na necessidade de construir um muro na fronteira sul entre Estados Unidos e México.

Foi "uma total perda de tempo", escreveu Trump no Twitter, após o fim abrupto da reunião com a líder da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer.

"Disse-lhes adeus", acrescentou o presidente americano, que na terça-feira, em um aguardado discurso no Salão Oval, usou um tom dramático para tentar convencer a opinião pública da necessidade de se erguer uma barreira de aço na fronteira, a um custo de 5,7 bilhões de dólares.

Enquanto isso, 800.000 funcionários públicos federais, afetados pelo 'shutdown', esperam a resolução do conflito que se estende desde 22 de dezembro. Muitos deles tiraram licença compulsória sem vencimentos, o que lhes causa graves problemas financeiros que se aprofundam a cada dia.

Pelosi e Schumer tinham ido à Casa Branca em um momento em que o tom das discussões se intensificou.

"O presidente simplesmente se levantou e foi embora", contou Schumer na saída da reunião.

A disputa sobre o muro, que faz parte das promessas de campanha de Trump, ocorre em meio a uma mudança de ciclo político nos Estados Unidos, depois de os democratas recuperarem, na semana passada, o controle da Câmara de Representantes, embora os republicanos continuem sendo a maioria no Senado.

"Acho que o presidente deixou clara sua postura de que não vai haver nenhum acordo sem um muro", disse o vice-presidente, Mike Pence, depois da reunião.

Danos colaterais 

Os democratas realizaram uma coletiva de imprensa com os funcionários afetados.

"Estas pessoas aqui atrás de mim ilustram os verdadeiros danos colaterais do 'shutdown' do presidente Trump", disse Schumer.

Trump declarou aos jornalistas que se não conseguir o que quer, poderá decretar emergência nacional, o que lhe daria acesso a medidas extraordinárias para evitar o Congresso e obter os recursos dos militares.

"Acho que podemos trabalhar em um acordo. Senão poderemos seguir por este caminho", disse, insistindo em que tem o "direito absoluto" a usar esta ferramenta, pensada para um estado de catástrofe como uma epidemia ou um ataque, apesar das advertências feitas no Congresso de que extrapolaria suas funções presidenciais.

Após a reunião, a imprensa perguntou ao vice-presidente se Trump estava se aproximando da possibilidade de declarar uma emergência e ele respondeu: "O presidente deixou claro que está contemplando isso. Ele acredita que têm a autoridade para fazê-lo".

Para a oposição, a ideia do muro é "imoral", além de cara e ineficaz. Na terça-feira, Nancy Pelosi, que recuperou o posto como líder da maioria democrata na Câmara Baixa na semana passada, respondeu a Trump após seu discurso e o acusou de manter como "refém o povo americano".

Rumo a uma paralisação mais longa 

Trump programou para a quinta-feira uma viagem à fronteira para "se reunir com quem está na linha de frente".

"Quanto mais sangue de americanos tem que ser derramado para que o Congresso faça seu trabalho? Para quem se nega a um acordo em nome da segurança fronteiriça, eu pediria que se imagine se fosse seu filho, seu marido ou sua mulher, cuja vida foi totalmente destroçada e partida".

Mas Nancy Pelosi refutou esta tese e disse que o problema de verdade são "as políticas cruéis e contraprodutivas" que tornaram a fronteira mais perigosa para os migrantes vulneráveis, inclusive as famílias.

Em dezembro, duas crianças guatemaltecas morreram sob custódia do serviço de vigilância fronteiriça, o que provocou uma indignação geral, que obrigou o Departamento de Segurança Nacional (DHS) a tomar medidas adicionais de proteção.

Nesta quarta-feira, Pelosi reafirmou que a situação do "dreamers, jovens imigrantes ilegais que chegaram aos EUA quando eram crianças, será "uma prioridade" dos democratas.

"O símbolo dos Estados Unidos deveria continuar sendo a Estátua da Liberdade e não um muro de 30 pés (9 metros)", reforçou Schumer.

Enquanto isso, a paralisação orçamentária se aproxima de se tornar a mais longa da história, batendo o recorde do 'shutdown' parcial do governo de 21 dias entre o fim de 1995 e o começo de 1996, durante a Presidência de Bill Clinton.

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