Primeira-ministra britânica Theresa May

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Primeira-ministra britânica Theresa May AFP
Por AFP

Bruxelas - A primeira-ministra britânica, Theresa May, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, concordaram, nesta quinta-feira (7), em Bruxelas, na Bélgica, em terem novas conversas sobre o Brexit no momento em que o cenário de um divórcio com acordo se encontra em ponto morto.

"Apesar dos desafios, ambos os líderes concordaram que suas equipes devem manter conversas sobre se é possível encontrar uma solução que obtenha o maior apoio possível no Parlamento do Reino Unido e respeite as diretrizes do Conselho Europeu", aponta uma declaração conjunta.

Na discussão "firme, mas construtiva", os dois também decidiram voltar a se reunir no final de fevereiro para "fazer um balanço dessas conversas", acrescenta a declaração divulgada ao fim da reunião entre May e Juncker.

Agora, o negociador europeu, o francês Michel Barnier, volta ao primeiro plano e se reúne na segunda-feira com o ministro britânico do Brexit, em Estrasburgo. Barnier negociou o acordo atual por quase um ano e meio, em nome da UE.

Também nesta quinta, May deve se reunir, às 14h GMT (12h em Brasília), com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

A reunião acontece em um contexto tenso, após Tusk afirmar, na véspera, que os promotores do Brexit têm um lugar garantido no inferno.

'Várias opções'

A premier foi a Bruxelas com a intenção de convencer seus sócios da necessidade de modificar o acordo do Brexit e evitar, assim, o temido cenário de um divórcio abrupto, a menos de dois meses da retirada do Reino Unido prevista para 29 de março.

May reiterou o desejo do Parlamento britânico de buscar uma "mudança juridicamente vinculante nos termos da salvaguarda", pensada para evitar uma fronteira para bens na ilha da Irlanda, ainda segundo a declaração.

Em janeiro, o Parlamento votou contra o acordo de divórcio. Os deputados britânicos querem evitar que esta salvaguarda, que também busca proteger o Acordo de Paz da Sexta-Feira Santa de 1998, deixe o Reino Unido preso nas redes de um território aduaneiro com a UE que o impeça de negociar acordos comerciais com terceiros.

Embora este mecanismo vá ser usado apenas como último recurso, caso não se consiga uma solução melhor para a negociação sobre a futura relação entre ambos, Westminster pediu a May que faça acertos alternativos para a questão da Irlanda com a UE.

Ainda que a declaração não detalhe as "várias opções" colocadas por May, Downing Street havia assegurado que estas passavam por fixar um limite de tempo para o mecanismo, uma saída unilateral do mesmo, ou o uso de tecnologia para controles aduaneiros desmaterializados.

A UE já descartou as duas primeiras e, sobre a terceira, duvida de sua eficácia. Considerando-se "os acontecimentos em Londres e a instabilidade na política britânica nestas últimas semanas", a salvaguarda é necessária, defende o premiê irlandês, Leo Varadkar.

Juncker respondeu que os 27 sócios do Reino Unido "não reabrirão o Acordo de Retirada", mas se mostrou disposto a retrabalhar a Declaração Política que acompanha o texto e estabelece as bases da futura relação entre ambos - especialmente em matéria comercial.

Em carta enviada à Theresa May, o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, explicou sua solução para desbloquear o processo: a permanência do país na união aduaneira após o Brexit.

"Isso incluiria o alinhamento com o código da união aduaneira, uma tarifa externa comum e um acordo sobre política comercial que dê voz ao Reino Unido sobre os futuros acordos comerciais da UE", detalhou Corbyn, pedindo a May que "modifique suas linhas vermelhas".

O número 2 do governo britânico, David Lidington, já descartou a proposta do político trabalhista, classificando-a de ilusória.

Nesta quinta-feira, o presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, alertou que a economia britânica "ainda não está pronta" para um Brexit sem acordo. Ele insistiu nas tensões que as empresas podem sofrer em decorrência das incertezas sobre a saída do país da UE.

"Ainda que muitas empresas tenham intensificado seus preparativos, a economia britânica como um todo ainda não está pronta para uma saída sem acordo e sem transição", declarou Carney em coletiva de imprensa.

Antes, o BoE manteve inalterada sua política monetária e reduziu sua previsão de crescimento para 2019.

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