Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro - Juan Barreto/ AFP
Presidente da Venezuela, Nicolás MaduroJuan Barreto/ AFP
Por ESTADÃO CONTEÚDO

Caracas - Dois aviões da Força Aérea da Rússia chegaram ao Aeroporto de Maiquetía, nos arredores de Caracas, com equipamentos e militares no sábado à tarde. Segundo diplomatas russos, a chegada de um cargueiro e de um jato faz parte de acordos de cooperação militar assinados com o governo da Venezuela. A ação veio em meio a ameaças do presidente Nicolás Maduro contra o líder opositor Juan Guaidó. 

Segundo o diário El Nacional, os dois aviões militares russos aterrissaram na tarde de sábado, transportando uma centena de militares liderados pelo general Vasily Tonkoshkurov, diretor do alto comando das Forças Armadas russas. De acordo com o jornal, pelo menos 35 toneladas de materiais e equipamentos foram desembarcados em Caracas.

Os governos do Brasil e do Chile assinaram, neste sábado, uma declaração conjunta rejeitando qualquer ação que implique violência, sobretudo uma intervenção militar na Venezuela. O documento feito entre o presidente Jair Bolsonaro e Sebastián Piñera foi assinado após encontro bilateral entre os dois no Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, em Santiago.

Contactadas pela France Presse, autoridades venezuelanas não comentaram o caso. Sites russos de linha editorial favorável ao Kremlin, citando diplomatas que servem em Caracas, garantiram que não há nenhum "mistério" envolvendo a viagem, que segue critérios previstos em acordos técnicos e militares assinados há anos.

Rússia e China, principais credores da dívida externa da Venezuela (estimada em US$ 150 bilhões), têm sido dois dos maiores aliados do governo de Maduro em meio a uma crescente pressão internacional para que ele abandone o poder. A colaboração militar entre Caracas e Moscou se fortaleceu desde o inicio do chavismo, com a compra de equipamentos e de armamento militar.

Em dezembro, dois bombardeiros nucleares Tu-160, um avião de carga e outro de passageiros foram enviados pela Rússia para a Venezuela para participar de exercícios de defesa com as Força Armadas da Venezuela.

No sábado, a cúpula do governo venezuelano acusou o líder opositor Juan Guaidó de participar de um complô de magnicídio, junto com seu chefe de gabinete, Roberto Marrero, preso na semana passada.

Segundo Maduro e o ministro da Informação, Jorge Rodríguez, eles estariam usando os recursos das sanções americanas para planejar matar o presidente.

Ameaçado pelos Estados Unidos de qualquer ação contra Guaidó, o chavismo conseguiu evitar a deserção em massa de militares, como planejavam a oposição e os Estados Unidos, e manteve o controle do núcleo duro do regime.

Desde que Guaidó retornou à Venezuela sem ser preso, desafiando autoridades chavistas, ele e Maduro parecem travar um jogo de espera. Enquanto Guaidó tem apoio da comunidade internacional, Maduro segue no controle das instituições do Estado. 

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