A polícia de Paris disparou gás lacrimogêneo contra manifestantes no Dia do Trabalho - Alain Jocard / AFP
A polícia de Paris disparou gás lacrimogêneo contra manifestantes no Dia do TrabalhoAlain Jocard / AFP
Por Agência Brasil

Brasília - O Dia do Trabalhador em Paris foi marcado pela tensão e por confrontes entre manifestantes e a polícia. Dezenas de milhares de pessoas, incluindo membros de sindicatos, coletes amarelos e militantes do movimento anarquista black blocs protestaram em várias cidades da França. A maioria dos atos transcorreu pacificamente, mas a da capital registrou confrontos entre manifestantes radicais e forças policiais.

Dados divulgados pela mídia e não confirmados pelas autoridades mencionam pelo menos três policiais feridos, um dos quais foi hospitalizado depois de ser atingido na cabeça por paralelepípedos. Alguns manifestantes teriam sido feridos, mas não há números.

Um homem vestindo um colete amarelo em uma cadeira de rodas passa na frente de policiais franceses - Zakaria Abdelkafi / AFP

No 13º distrito, na parte sul de Paris, black blocs invadiram uma delegacia de polícia, jogou dois coquetéis molotov e outros itens contra a polícia e saqueou uma agência de seguros. A polícia tentou deter a violência por meio de gás lacrimogêneo.

Manifestante senta em uma placa durante a manifestação anual do Dia de Maio em Paris, em 1 de maio de 2019 - Geoffroy Van Der Hasselt/ AFP

Estatísticas

A mobilização sindical convocada pela CGT reuniu 40 mil manifestantes, de acordo com o grupo independente Occurence. A CGT informou o comparecimento de 80 mil pessoas, cinco vezes mais que 16 mil participantes informados pela prefeitura de Paris.

As estatísticas também divergem para toda a França. Segundo o sindicato, havia 310 mil manifestantes em todo o país, mais que o dobro dos 150 mil informados pela polícia. No restante do país, as marchas se desenrolaram com mais calma, mas sempre sob alta vigilância policial.

Um manifestante levanta os braços em meio a gás lacrimogêneo durante confrontos com policiais na manifestação anual pelo Dia do Trablaho - Martin Bureau/ AFP

Várias prefeituras, como a de Lyon, impediram manifestações no centro das cidades. Havia cerca de 6,2 mil manifestantes em Lyon, 2,4 mil em Montpellier, 7,7 mil em Bordeaux e 20 mil em Toulouse, conforme a polícia. Entre os slogans mais comuns, estavam “Sem justiça, sem paz”, “O povo odeia Macron”, ou “Obrigado pela Notre Dame, mas não se esqueça dos Miseráveis”.

Incêndio em banco

Outros confrontos ocorreram à noite (horário local), enquanto a marcha dos sindicatos seguia em direção à Praça de Itália, também na região sul da capital. Bombeiros intervieram para extinguir um incêndio em uma agência bancária. Por volta do meio-dia (7h em Brasília), algumas horas antes do início das manifestações, centenas de militantes radicais com os rostos cobertos estavam reunidos no centro de Paris e começaram a gritar palavras de ordem contra a polícia, atacando os agentes com pedras, garrafas e outros objetos.

Os policiais responderam com granadas de efeito moral e gás lacrimogêneo. A marcha dos sindicatos partiu sem o secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Philippe Martinez. Ele foi forçado a sair por causa dos confrontos entre a polícia e os black blocs, chegando à Praça de Itália por volta das 16h (11h da manhã em Brasília), em meio a novos tumultos e lançamentos de gás lacrimogêneo.

Houve também confrontos no leste de Paris, com a destruição de vitrines de lojas e mais incêndios. O Ministério do Interior da França mobilizou mais de 7,4 mil policiais e gendarmes. Até as 18h (13h em Brasília), 330 pessoas haviam sido detidas preventivamente, após verificações preventivas em 17,7 mil manifestantes

Sindicato denuncia repressão

Em comunicado, a CGT, cujo secretário Philippe Martinez cancelou a entrevista coletiva depois de estar no centro da agitação, denunciou “uma repressão sem precedentes e sem discernimento” após “a violência de alguns”. “Nossos camaradas e nosso secretário viram-na chover gás lacrimogêneo e granadas ensurdecedoras”, disse. A CGT classificou a situação de “escandalosa e nunca vista antes, inadmissível em nossa democracia”.

* Com informações da RAI, emissora pública de televisão da Itália

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