Eleitores fazem parte de uma simulação de votação digital na Cidade do Panamá, 4 de maio de 2019, véspera da eleição presidencial - AFP
Eleitores fazem parte de uma simulação de votação digital na Cidade do Panamá, 4 de maio de 2019, véspera da eleição presidencialAFP
Por AFP
Cidade do Panamá - Os panamenhos compareceram em massa neste domingo (5) às urnas para eleger um novo presidente e outras autoridades para os próximos cinco anos, em um pleito disputado, marcado pelo crescente repúdio da população aos partidos tradicionais e à corrupção.
O Tribunal Eleitoral (TE) informou o fechamento das seções eleitorais às 21h, após nove horas de votação, em que 2,7 milhões de panamenhos votaram, em turno único, no sucessor do presidente Juan Carlos VCarela.
Publicidade
"As pessoas saiu para votar com entusiasmo", disse ao canal TVN-2 Fausto Fernández, diretor dos delegados eleitorais do TE, que tinha dito esperar até 80% de participação dos panamenhos, que na maioria manifestaram o desejo de que o novo governo acabe com a corrupção.
"Tomara que o povo vote pelo menos pior porque para o meu conceito, todos (os políticos) são ruins. A cada cinco anos, (fazem) promessas e promessas e não cumprem. Todos vêm roubar", disse à AFP Florencio Ayarza, antes de votar em um centro nos arredores da capital. "Eu espero menos corrupção", acrescentou o indígena kuna Prudencio González.
Publicidade
Sete candidatos aspiram à Presidência, mas as pesquisas de intenção de voto apontam como favoritos o empresário pecuarista Laurentino Cortizo (Partido Revolucionário Democrático, social-democrata) e o ex-chanceler e advogado Rómulo Roux (Mudança Democrática, direita).
Em terceiro lugar, aparece o independente Ricardo Lombana, que capitalizou a insatisfação com a corrupção da classe política.
Publicidade
Na pesquisa do instituto espanhol GAD3, publicada há algumas semanas pelo jornal La Prensa, Cortizo tinha intenção de voto de 27,9%, Roux de 16,9% e Lombana de 15,3% (com 2,9 pontos de margem de erro), enquanto indecisos somavam 15,2%. "Acho que a poucos dias das eleições ainda há muita gente indecisa e, portanto, em 5 de maio qualquer coisa pode acontecer", disse à AFP Rita Vásquez, diretora do jornal La Prensa.
Cortizo, de 66 anos, foi ministro do ex-presidente Martín Torrijos (2004-2009), mas renunciou por controvérsias com o Acordo de Livre-Comércio entre Panamá e Estados Unidos.
Publicidade
Seu plano de governo é focado principalmente em melhorar a educação, reformar o Estado, impulsionar a economia, combater a pobreza e a desigualdade e melhorar a transparência governamental. Roux, de 54 anos, ex-chanceler e ex-ministro do Canal do governo do hoje preso ex-presidente Ricardo Martinelli (2009-2014), focou sua campanha na reativação econômica, na criação de empregos e na redução de impostos.
O Panamá foi afetado nos últimos anos por escândalos como os chamados "Panama Papers", ou propinas da empreiteira brasileira Odebrecht, o que leva a população a um desinteresse total pela política.
Publicidade
Esse tédio favorece um aumento nas chances de Lombana, que alcançou o terceiro lugar na corrida presidencial com um discurso feroz contra a corrupção e a liderança partidária.
Advogado e jornalista de 45 anos, Lombana propõe convocar um referendo para uma nova Constituição que subtrai o poder do presidente, limita o uso de fundos públicos e reforma da justiça. Também quer aumentar as penalidades por corrupção e evitar a prescrição deste tipo de crime.
Publicidade
Após o golpe militar de 1968, que colocou no poder o general Omar Torrijos, e durante o governo de fato do ditador já falecido Manuel Antonio Noriega, o debate político no Panamá se concentrou em defender ou criticar o governo militar.
Depois da invasão americana de 1989, que pôs fim à ditadura de Noriega, as eleições também foram protagonizadas por partidos representativos dessas antigas rivalidades, até a vitória do ex-presidente Ricardo Martinelli en 2009.
Publicidade
Agora, a realidade é muito diferente, afirmam analistas. "É a campanha mais enfadonha, mais sem graça, mais controlada e mais amarrada", disse à AFP o diretor do jornal Metro Libre, James Aparicio, que cobre as eleições panamenhas desde os anos 1980.
Para o diretor dos serviços de informação da Rádio Panamá, Edwin Cabrera "esta campanha é absolutamente atípica em comparação a tudo o que vimos antes".
Publicidade