Michelle Bachelet - AFP
Michelle BacheletAFP
Por AFP
Estados Unidos - A mudança climática não está tendo um impacto devastador apenas nos ambientes em que vivemos, mas também no que diz respeito aos direitos humanos em todo mundo - alertou a ONU nesta segunda-feira (9), pedindo uma ação coletiva.
A alta comissária dos direitos humanos das Nações Unidas, Michelle Bachelet, citou as guerras civis provocadas por um planeta em aquecimento e a situação dos povos indígenas em uma Amazônia devastada por incêndios e desmatamento desenfreado.
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Ela também denunciou ataques a ativistas ambientais, principalmente na América Latina, e os abusos que têm como alvo figuras de destaque, como a ativista adolescente Greta Thunberg.
"O mundo nunca viu uma ameaça aos direitos humanos desse escopo", disse Bachelet ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.
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"As economias de todas as nações, o tecido institucional, político, social e cultural de cada Estado, e os direitos de todos os seus povos e das gerações futuras serão afetados" pelas mudanças climáticas, alertou.
A 42ª sessão do conselho foi aberta com um minuto de silêncio pelas vítimas do furacão Dorian nas Bahamas, onde pelo menos 44 pessoas morreram, e milhares de casas foram reduzidas a escombros.
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"A tempestade se acelerou com uma velocidade sem precedentes sobre um oceano aquecido pelas mudanças climáticas, tornando-se um dos mais fortes furacões do Atlântico a tocar terra", disse Bachelet.
Pequenos estados insulares baixos, como as Bahamas, estão rapidamente vendo direitos à água, saneamento, saúde, alimentação, trabalho e moradia adequada serem afetados, alertou Bachelet, pedindo uma ação internacional para mitigar os impactos das mudanças climáticas nesses países.
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O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos também denunciou a "aceleração drástica do desmatamento da Amazônia".
"Os incêndios atualmente em toda a floresta tropical podem ter um impacto catastrófico na humanidade como um todo, mas seus piores efeitos são sofridos pelas mulheres, homens e crianças que vivem nessas áreas", disse Bachelet.
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Ela pediu às autoridades de Bolívia, Paraguai e Brasil que "garantam a implementação de políticas ambientais de longa data (...), evitando assim tragédias futuras".
Os comentários de Bachelet correm o risco de irritar ainda mais o presidente Jair Bolsonaro, que na semana passada a acusou de se intrometer nos assuntos de seu país depois que ela criticou a deterioração da situação dos direitos no Brasil.
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Bachelet também destacou o impacto que a mudança climática está causando na insegurança em todo mundo. A alta comissária citou uma estimativa da ONU de que 40% das guerras civis nas últimas seis décadas estão ligadas à degradação ambiental.
Na região do Sahel, na África, por exemplo, a degradação das terras aráveis "está intensificando a competição por recursos já escassos", disse. Isso, por sua vez, exacerba as tensões étnicas e alimenta a violência e a instabilidade política, acrescentou.
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Bachelet lamentou que aqueles que soam o alarme contra os impactos devastadores das mudanças climáticas sejam frequentemente atacados.
Segundo ela, especialistas da ONU "notaram ataques a defensores dos direitos humanos ambientais em praticamente todas as regiões, principalmente na América Latina".
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"Estou desiludida com essa violência e também com os ataques verbais a jovens ativistas como Greta Thunberg e outros, que galvanizam o apoio à prevenção dos danos que sua geração pode carregar", lamentou Bachelet.
"As demandas feitas por defensores e ativistas ambientais são convincentes, e devemos respeitar, proteger e cumprir seus direitos", completou.