Em medicina, essa condição é denominada cianose - a manifestação de pele ou unhas azuladas. É um sinal típico de que está faltando oxigênio na circulação arterial - Reprodução
Em medicina, essa condição é denominada cianose - a manifestação de pele ou unhas azuladas. É um sinal típico de que está faltando oxigênio na circulação arterialReprodução
Por REVISTA PLANETA

Uma mulher de 25 anos deu entrada em um hospital de Providence, capital do estado de Rhode Island (nordeste dos EUA), com sangue em tom azul-marinho, segundo um artigo publicado pela revista “The New England Journal of Medicine” e noticiado pelo site NBC News. A paciente declarou aos médicos que havia usado um dia antes um analgésico tópico para dor de dente. No dia seguinte, acordou e foi para o hospital, onde se disse “fraca e triste” (blue, em inglês, a mesma palavra usada para “azul”).

Em medicina, essa condição é denominada cianose – a manifestação de pele ou unhas azuladas. É um sinal típico de que está faltando oxigênio na circulação arterial.

Uma leitura inicial mostrou que o nível de oxigênio no sangue da mulher era de 88%. O índice estava abaixo do normal (que é próximo de 100%), mas era mais alto do que o esperado pelos médicos em função da aparência da paciente.

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O sangue retirado de uma veia normalmente assume uma aparência mais escura porque não carrega oxigênio, mas o sangue extraído de uma artéria deve aparecer vermelho vivo. No caso da paciente, porém, tanto o sangue de suas veias como o das artérias estava azul-escuro.

Otis Warren, o médico que atendeu a mulher no hospital, diagnosticou-a com “metemoglobinemia adquirida”. Esse distúrbio raro no sangue faz a pessoa produzir uma quantidade incomum de metemoglobina (tipo de hemoglobina). Nos pacientes com esse problema, a hemoglobina pode transportar oxigênio, mas não pode liberá-lo efetivamente para os tecidos.

Imagem gravada na mente

Um caso anterior visto por Warren quando fazia residência fixou-se na sua memória, segundo ele disse à NBC News. Na ocasião, o paciente estava sendo tratado com um antibiótico. “A cor da pele parecia exatamente a mesma. Você vê uma vez e fica na sua mente”, afirmou Warren.

Warren requisitou uma medição mais precisa do nível de oxigênio no sangue da mulher. O índice registrado então foi bem mais baixo: 67%. Nesse nível, podem ocorrer danos aos tecidos.

Depois de receber uma dose de azul de metileno, antídoto para casos como esse, a paciente disse, depois de alguns minutos, que se sentia melhor. Foi-lhe administrada uma segunda dose e ela pernoitou no hospital. Recebeu alta no dia seguinte, com uma recomendação para ir ao dentista.

O agente causador do problema da mulher foi um anestésico de venda liberada que contém benzocaína. A paciente disse a Warren que não havia usado o frasco inteiro. Mas o médico concluiu que, pelas condições apresentadas, ela havia “usado muito”.

O caso serviu para Warren alertar as pessoas sobre o uso da benzocaína. “As pessoas não têm ideia de que algo muito específico e muito perigoso possa acontecer. Não é um efeito colateral leve”, observou.

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