Nas ruas de Barcelona, manifestantes contrários à independência da Catalunha marcham em defesa de uma Espanha unificada  -  AFP PHOTO / PAU BARRENA
Nas ruas de Barcelona, manifestantes contrários à independência da Catalunha marcham em defesa de uma Espanha unificada AFP PHOTO / PAU BARRENA
Por AFP
Madri - O presidente separatista do Parlamento catalão, Roger Torrent, assegurou nesta terça-feira (15) à AFP que as condenações contra nove líderes do movimento abrem "um novo ciclo político" em que deverão forçar o governo espanhol a negociar um referendo para a região do nordeste do país.
"Este novo ciclo político estará dirigido a criar as condições (...) para que seja inaceitável ao Estado tornar o conflito crônico e não tenha outra opção que se sentar em uma mesa de diálogo", afirmou Torrent.
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Em 2018, com a chegada do social-democrata Pedro Sánchez (PSOE) ao poder na Espanha, ocorreu uma tentativa de negociação entre as duas partes, rompido em fevereiro deste ano com o início do julgamento no Supremo Tribunal contra os líderes separatistas.
Desde então, as posições se distanciaram entre as autoridades regionais e o governo espanhol que, como seu antecessor conservador, se opõem frontalmente a permitir um referendo de autodeterminação não contemplado pela Constituição.
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"Não estamos em uma fase resolutiva" do conflito, admitiu Torrent. "Estamos em uma fase onde há que (...) fazer com que o referendo que hoje, sou consciente, parece impossível, seja um referendo inevitável. Para nós, é a única fórmula para a resolução do conflito", insistiu.
Presidente do Parlamento regional desde janeiro de 2018, Torrent recebeu a AFP na sede parlamentar, em Barcelona, um dia depois de anunciada a sentença contra nove líderes separatistas pela tentativa de secessão de 2017.
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O principal condenado, a 13 anos de prisão, foi o presidente do seu partido, Izquierda Republicana, Oriol Junqueras. Sua antecessora e também companheira de fileiras, Carme Forcadell, foi condenada a 11 anos e meio.
"Não esperávamos esta dureza, nem esta ira", afirmou Torrent que, depois da entrevista, foi visitar Carme Forcadell na prisão onde está reclusa.
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A condenação foi recebida com fortes protestos na Catalunha. A principal ocorreu no aeroporto de Barcelona, onde milhares de ativistas bloquearam os acessos durante horas e entraram em confronto com a Polícia.
Diante das acusações de protestos violentos, Torrent assegurou que o movimento "se manifestou sempre pacificamente, ontem (segunda-feira) também".
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"O que as pessoas diziam ontem nas ruas (...) é que metendo as pessoas na prisão não vai se resolver nada, faça o favor de se sentar, falar e encontrar uma solução democrática", disse.