O presidente da Bolívia, Evo Morales, e o vice-presidente, Álvaro García Linera - AFP
O presidente da Bolívia, Evo Morales, e o vice-presidente, Álvaro García LineraAFP
Por IG - Último Segundo

Um dia depois de um discurso agressivo, e em meio aos protestos que deixaram ao menos 30 feridos nas cidades mais populosas da Bolívia, o governo local convidou nesta terça-feira (29) Carlos Mesa, rival do presidente Evo Morales, a participar de uma auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) na contagem dos votos. Mesa e a oposição convocaram uma série de manifestações e greves em todo país, alegando que houve fraude no pleito, levando a uma escalada de violência na Bolívia. O Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) e Morales negam qualquer fraude.

"Nós, da maneira mais transparente e segura, confiantes na soberania do povo, convidamos uma auditoria internacional", disse o vice-presidente a repórteres nesta terça-feira. "Convidamos a OEA e os países irmãos a esclarecerem qualquer dúvida sobre a campanha maliciosa do candidato derrotado, que se recusa a aceitar a decisão do povo boliviano. Queremos pedir a Carlos Mesa, o candidato derrotado, para participar da auditoria. Aguardamos uma resposta rápida e afirmativa", acrescentou.

O governo boliviano e a OEA concordaram em realizar uma auditoria, embora ainda não se saiba quando irá começar. Uma missão da OEA, da União Europeia e do governo dos Estados Unidos apoiou um segundo turno, dado o grau de dúvida gerado pelos resultados das eleições.

Os protestos contra os resultados da eleição voltaram a convulsionar La Paz nesta terça-feira. Manifestantes da oposição montaram barricadas com tábuas de madeira e chapas de metal, enquanto policiais de choque se alinharam em algumas ruas separando os apoiadores de Morales dos manifestantes de oposição. Gás lacrimogêneo foi usado em pelo menos dois locais para dispersar os manifestantes nesta terça-feira.

A oposição, que inclui Mesa e grupos civis de direita e de centro-esquerda, acusa o partido de Morales de fraude planejada, com a participação do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE). Por isso, decidiu não reconhecer o resultado como legítimo. Mesa e seus aliados da oposição permanecem firmes no pedido de anulação da votação.

Em Santa Cruz, Mesa reagiu: "Eles estão preparados para reconhecer os resultados finais do TSE? O governo está preparado para recuar? Não aceitaremos uma solução que zombe da vontade popular. Não aceitaremos uma solução que dê as costas à votação de 20 de outubro e não daremos as costas às pessoas que estão lutando de forma democrática e pacífica nas ruas", afirmou.

A suspensão temporária da publicação dos resultados de uma contagem preliminar — não oficial — da votação presidencial de 20 de outubro provocou protestos e greves que fecharam estradas, escolas e empresas em todo o país por mais de uma semana.

As dúvidas surgiram no dia da votação, quando o TSE usou e interrompeu a contagem rápida de votos, não vinculante, que apontava um segundo turno entre Morales e Mesa. Finalmente, a contagem oficial final deu ao presidente a vitória no primeiro turno para o período 2020-2025. No poder desde 2006, Morales reivindicou sua vitória e disse que a defenderá, embora greves e bloqueios de ruas tenham sido registrados desde a semana passada contra sua reeleição.

Você pode gostar
Comentários