Passageiros na estação de metrô Saint-Lazare, em Paris, durante uma greve dos funcionários da RATP, operadora de transportes públicos de Paris - Jacques Demarthon / AFP
Passageiros na estação de metrô Saint-Lazare, em Paris, durante uma greve dos funcionários da RATP, operadora de transportes públicos de ParisJacques Demarthon / AFP
Por AFP
Rio - Centenas de quilômetros de engarrafamentos e o caos nos transportes públicos em Paris marcam nesta segunda-feira o quinto dia de greve na França contra a reforma da Previdência do governo do presidente Emmanuel Macron, que enfrenta um teste de fogo para seu projeto.

A paralisação nos transportes provocou cenas de caos, sobretudo em Paris, com poucos trens e linhas de metrô em circulação e mais de 500 quilômetros de engarrafamentos.

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Passageiros na estação de metrô Saint-Lazare, em Paris, durante uma greve dos funcionários da RATP, operadora de transportes públicos de Paris Jacques Demarthon / AFP
Passageiros em fila na entrada da linha 14 na estação de metrô Saint-Lazare, em Paris, durante uma greve dos funcionários da operadora de transporte público de Paris RATP Jacques Demarthon / AFP
Passageiros embarcam em um trem na estação ferroviária Saint-Lazare, em Paris, durante uma greve dos funcionários da empresa ferroviária estatal SNCF contra reforma da Previdência Jacques Demarthon / AFP


Nove das 15 linhas de metrôs da capital francesa estavam completamente fechadas e apenas duas, 100% automatizadas e que circulam sem condutor, funcionavam normalmente.

Diante da falta de transportes públicos, e com uma segunda-feira de fortes chuvas, muitos franceses foram obrigados a utilizar os próprios veículos, o que gerou mais de 600 km de engarrafamentos na região de Paris às 8h, três vezes acima do normal.

Sete das 25 garagens de ônibus de Paris amanheceram bloqueadas por grevistas: apenas um terço dos veículos saíram às ruas.

A empresa estatal de ferrovias SNCF cancelou pelo menos 80% das viagens dos trens de alta velocidade e advertiu para o risco de saturação nas estações.

E a situação não deve melhorar na terça-feira, dia em que os sindicatos convocaram uma nova jornada de greve e manifestações, após o sucesso da paralisação da última quinta-feira, que levou 800 mil pessoas às ruas.

A prorrogação da greve inquieta os empresários, que até agora previam um impacto moderado, mas que temem um agravamento com bloqueios e escassez de combustíveis no período de festas de dezembro.

A mobilização é um protesto contra um "sistema universal" de aposentadorias, que pretende substituir os atuais 42 regimes de aposentadoria existentes (geral, de funcionários públicos, setor privado, especiais, autônomos, complementares).

O governo francês promete um dispositivo "mais justo", mas os críticos - quase todos os sindicatos e a oposição de esquerda - afirma temer uma "precariedade maior" para os aposentados.

O projeto de reforma da Previdência ainda não foi revelado na íntegra, mas o governo já divulgou várias mudanças previstas. O Executivo pode propor uma transição de 10 a 15 anos entre os regimes atuais e o futuro sistema.

Sob forte pressão, o Executivo pretende apresentar o projeto completo na quarta-feira.

Nesta segunda-feira, o presidente Emmanuel Macron receberá os principais ministros de seu gabinete para concluir os detalhes do projeto, que, segundo os influentes sindicatos do país, obrigará os franceses a trabalhar por mais tempo para receber uma pensão menor.

Mas os sindicatos estão determinados a manter a disputa. "Não cederemos até a retirada da reforma, da qual não existe nada de bom", disse Philippe Martinez, secretário-geral da CGT, uma das principais centrais do país.

Uma pesquisa publicada no domingo mostrou que 53% dos franceses apoiam a greve ou expressam simpatia por suas demandas, o que representa um aumento de seis pontos em uma semana.