Esmail Ghaani, sucessor de general iraniano morto pelo EUA - Hamed Malekpour/Tasnim News Agency (CC)
Esmail Ghaani, sucessor de general iraniano morto pelo EUAHamed Malekpour/Tasnim News Agency (CC)
Por iG
Na última sexta, o general iraniano Qasem Soleimani foi morto por um ataque aéreo dos Estados Unidos. Soleimani era considerado como um herói nacional e comandava Quds, força de elite do Irã – parecida com a CIA dos EUA. O general era visto como uma das pessoas mais poderosa no país, abaixo apenas do aiatolá Ali Khamenei (líder religioso). Após sua morte, seu braço esquerdo, Esmail Qaani, irá assumir suas tropas.

Ainda não se sabe se Qaani terá a mesma popularidade que Soleimani, contudo em um momento de tensões entre EUA e Irã, sua posição como sucessor do general morto e líder das Quds, o colocam em uma conjuntura central no decorrer deste conflito – apesar de não ser tão conhecido.

Ao assumir a posição de comandante das Quds, já demonstrou sua vontade de vingar Soleimani, algo que foi prometido pelo Irã. "Nós dizemos a todos, sejam pacientes e vejam os corpos mortos de americanos por todo o Oriente Médio", disse ao Al-Jazeera

Mas suas críticas aos Estados Unidos já existem há anos. Em 2017, ele afirmou que "nós não somos um país bélico. Mas qualquer ação militar contra o Irã será arrependida. As ameaças de Trump contra o Irã trarão danos aos Estados Unidos. Nós enterramos muitos como Trump e sabemos como lutar contra os americanos".

Atualmente com 62 anos, Qaani nasceu em 1957 em Mashad, segunda cidade mais populosa do Irã. O local, que fica no nordeste do país, é conhecido pela peregrinação de muçulmanos xiitas.

Qaani entrou na Guarda Revolucionária Iraniana em 1980. Ele lutou na guerra Irã-Iraque, entre 1980 e 1988, comandando grupos de combatentes iranianos contra as forças do iraquiano Saddam Hussein. Seu desempenho foi considerado exemplar pelo líder religioso Ali Khamenei, que afirmou que ele foi "um dos mais proeminentes comandantes militares”.

Esmail Ghaani após morte do colega e comandanteErfan Kouchari/Tasnim News Agency (CC)

Ele assumiu o posto de subcomandante das Quds em 1997, quando Soleimani foi denominado líder da força de elite. "Somos filhos da guerra", afirma sobre sua relação com o antigo general iraniano, morto na última sexta.

Após assumir o posto na Quds, Qaani foi enviado ao Khorasan, na fronteira com o Afeganistão e o Turcomenistão. Acredita-se que enquanto Soleimani cuidava da fronteira oeste do país, ele era responsável pela parte leste. A região que teria ficado responsável é marcada pelo contrabando de drogas e o conflito entre o Talebã e a Aliança do Norte do Afeganistão, parceira do Irã.

Qaani cuidava das partes administrativas da Quds e também era responsável por passar recursos financeiros pro Hezbollah, organização paramilitar fundamentalista islâmica. 

Em 2012, o atual general iraniano entrou na lista de pessoas sob sanções dos Estados Unidos, congelando seus pertences nos EUA e proibindo transações com entidades americanas.

Qaani foi anunciado general iraniano da força Quds pelo aiatolá Khamenei, na última sexta. Em seu discurso de posse, ele afirmou que “Deus todo poderoso prometeu vingar o mártir Soleimani. Certamente serão tomadas medidas".