Delegada disse que detentos fizeram um túnel com iluminação interna, que começou em um dos banheiros das celasReprodução
Por AFP
Publicado 20/01/2020 10:24 | Atualizado 20/01/2020 10:35
Assunção - O diretor do presídio paraguaio de Pedro Juan Caballero, Christian González, foi presos e presta depoimento na manhã desta segunda-feira. Além dele, trinta agentes penitenciários também foram detidos. A suspeita é de que eles facilitarem a fuga de 75 presos paraguaios e brasileiros no domingo.
"Este é um trabalho de várias semanas. É evidente que o pessoal sabia e não fez nada", disse a ministra da Justiça, Cecilia Pérez, à imprensa. "Há uma forte suspeita de que os funcionários estão envolvidos no esquema de corrupção", declarou a ministra. A princípio, a Polícia tinha estimado em 92 os fugitivos, mas depois corrigiu a cifra para 76. Pérez disse que todos "são de alta periculosidade".
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Um total de 76 detentos - 40 brasileiros e 36 paraguaios -, a maioria pertencente ao Primeiro Comando da Capital (PCC), considerada a maior organização criminosa de tráfico de drogas e armas do Brasil, fugiram da prisão na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, na fronteira com o Brasil - informou a Polícia neste domingo (19).

"A fuga aconteceu na madrugada de domingo por um túnel construído pelos presos", informou a delegada Elena Andrada, porta-voz da Polícia.

"Nossos melhores homens foram para a fronteira para tentar recapturar os detentos", acrescentou.

Cinco caminhonetes usadas na fuga foram encontradas incendiadas em Ponta Porã, que fica no lado brasileiro da fronteira, separada de Pedro Juan Caballero por uma avenida fronteiriça, relatou a porta-voz.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil informou que reforçou o policiamento na fronteira com o Paraguai, com o uso de helicópteros e barreiras. A pasta esclareceu que a fronteira com o Paraguai não está fechada na região de Mato Grosso do Sul e que brasileiros e paraguaios continuam podendo ir e vir.

Entre os reclusos foragidos estão criminosos que participaram de um massacre entre quadrilhas rivais na prisão de San Pedro (400 km ao norte), em 16 de junho do ano passado, no qual foram decapitados dez detentos, acrescentou a funcionária.

"Fizeram um túnel como vemos nos filmes, com iluminação interna, que começou em um dos banheiros das celas", detalhou a delegada. "São apenas 25 metros entre o túnel e a guarita (do guarda) mais próxima. Apenas uma pessoa não conseguiu escapar", completou.

Centenas de sacos de areia foram localizadas pelas forças de ordem na primeira revista do local. O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, não aceitou a renúncia apresentada pela ministra Pérez depois do ocorrido.

"Sua saída seria uma grande perda para o governo", explicou o porta-voz presidencial Daniel Centurión.
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Reforço na segurança
Abdo Benítez se reuniu por duas horas com seus assessores de segurança na residência presidencial na tarde deste domingo, e instruiu reforçar a segurança das prisões do país a tempo de dispor uma profunda investigação sobre os envolvidos na fuga.

O Brasil reforçou a segurança na fronteira para colaborar com a recaptura dos fugitivos, informou o secretário de Justiça e Segurança Pública do estado do Mato Grosso do Sul, Antônio Carlos Videira, em declarações a jornalistas.

Videira disse que o Departamento de Operações Fronteiriças (DOF), a Polícia Militar de Rodovias (PRE) e outras forças de segurança, assim como um helicóptero se mobilizaram para tentar a recaptura, reportou em sua edição digital o jornal ABC de Assunção.

Enquanto isso, o ministro do Interior do Paraguai, Euclides Acevedo, disse que o pessoal da Força de Operações Especiais da Polícia, com apoio de helicópteros e tropas por via terrestre, faz rastreamento na zona fronteiriça com o Brasil.