Publicado 14/06/2020 10:07 | Atualizado 14/06/2020 10:21
A chefe de polícia da cidade de Atlanta, nos Estados Unidos, renunciou depois que um policial matou um homem negro enquanto tentava prendê-lo, disseram autoridades locais no sábado, em meio a protestos contínuos em todo o país contra o racismo e a brutalidade policial.
Manifestantes bloquearam uma rodovia interestadual e incendiaram uma loja da rede Wendy's, perto da qual Rayshard Brooks, de 27 anos, morreu na sexta-feira baleado pela polícia, informou a mídia local.
Dezenas de pessoas foram presas, segundo a CNN, citando a polícia de Atlanta, no sul da Geórgia.
O policial que atirou em Brooks foi demitido no sábado e identificado pelas autoridades locais como Garret Rolfe. Um segundo oficial foi enviado para funções administrativas, de acordo com a ABC.
A prefeita Keisha Lance Bottoms, cujo nome parece um potencial companheira de chapa do candidato presidencial democrata Joe Biden, disse que a chefe de polícia Erika Shields, que trabalhava no Departamento de Polícia de Atlanta há mais de duas décadas, "se ofereceu para renunciar imediatamente".
O tiroteio aconteceu enquanto os Estados Unidos enfrentam um debate histórico sobre o racismo, em meio a grandes protestos gerados pela morte em 25 de maio de George Floyd, um afro-americano que foi vítima de violência policial enquanto estava sob custódia.
Floyd morreu depois que um policial branco de Minneapolis o sufocou ao pressionar com o joelho seu pescoço por quase nove minutos.
Os protestos que se espalharam pelo país primeiro e depois pelo mundo nas últimas semanas levaram a debates sobre os legados da escravidão, do colonialismo e da violência branca contra pessoas negras, bem como a militarização da polícia em Estados Unidos.
Segundo um relatório oficial, Brooks estava dormindo em seu carro perto do restaurante de fast-food, e os funcionários ligaram para a polícia para reclamar que ele estava bloqueando outros clientes.
Ele estava alcoolizado e resistiu quando a polícia tentou prendê-lo, de acordo com o Departamento de Investigação da Geórgia.
O vídeo de vigilância mostrou que "durante uma briga física com policiais, Brooks obteve um dos tasers (arma imobilizadora) do policial e tentou fugir do local", apontou o relatório.
"Os policiais perseguiram Brooks a pé e, durante a perseguição, Brooks voltou e apontou com o taser para policial. O oficial disparou sua arma e atingiu Brooks", acrescentou o relatório.
Brooks foi levado para um hospital, mas morreu após uma cirurgia. Um policial ficou ferido.
Um advogado que representa a família do falecido denunciou um uso desproporcional da força.
"Na Geórgia, o taser não é uma arma letal, assim é a lei", disse L. Chris Stewart a repórteres.
"Os reforços chegaram dois minutos depois. Eles poderiam ter encurralado e pego ele. Por que tiveram que matá-lo? (O policial) tinha outras opções além de atirar em suas costas".
Brooks tinha quatro filhos e havia comemorado o aniversário da filha de oito anos na sexta-feira, disse o advogado.
"O vi na internet (...) O mais doloroso para mim é assistir ao vídeo, acordar e assistir ao vídeo", disse Decatur Redd, primo de Brooks. "E eu tenho dois filhos pequenos, eles assistem o mesmo vídeo", acrescentou, claramente emocionado.
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