mento de 50% na produção atual. Para além da poluição nos oceanos, rios e solos, a produção de plástico também poderá consumir, até 2050, de 10% a 13% do limite estimado de emissões de carbono para que o aquecimento global se mantenha abaixo de 1,5°C, com emissões da ordem de 56 gigatoneladas de CO2. Os dados são do Atlas do Plástico, publicação lançada nesta segunda-feira, pela Fundação Heinrich Böll.

O Brasil é atualmente o quarto maior produtor de lixo plástico do planeta, com 11,3 milhões de toneladas descartadas anualmente. Do total de resíduo plástico produzido, apenas 1,28% é reciclado. 2,4 milhões de toneladas de plásticos estão sendo descartadas de forma irregular e 7,7 milhões de toneladas acabam em aterros sanitários, agravando ainda mais a poluição plástica.

“Se nada for feito hoje, seremos um grande aterro a céu aberto. Em 2018, o Brasil produziu uma média 79 milhões de toneladas de lixo. Se continuarmos nesse ritmo, em 2030 bateremos o recorde de 100 milhões de toneladas por ano, com um percentual alto de resíduos plásticos”, explica Marcelo Montenegro, coordenador de Programas e Projetos.
Embalagens
No cenário, a principal vilã são as embalagens de uso único. De acordo com a publicação, cerca de 40% dos produtos plásticos se tornam lixo com menos de um mês. Do total de 400 milhões de toneladas de plásticos produzidos no mundo anualmente, mais de 1/3, ou 158 milhões toneladas, foram de embalagens. E os atuais sistemas de reciclagem não conseguem lidar com esse volume de resíduos: dos mais de nove bilhões de toneladas de plásticos produzidos desde a década de 1950, menos de 10% foi reciclado.

“Cada brasileiro produz semanalmente, em média, um quilo de resíduos plásticos, equivalente a dois navios cargueiros de lixo. Apesar da consciência de que o plástico é reciclável, grande parte da população não faz a separação correta de resíduos. Essa falta de consciência e de programas educacionais aliada a uma fraca legislação dificulta a reciclagem no país”, explica Daisy Bispo, coordenadora da Fundação Heinrich Böll.
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Responsabilização
O artigo 33 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) prevê a responsabilização das empresas pela logística reversa para manter as embalagens no ciclo produtivo. Entretanto, nos últimos dez anos, a regulamentação pouco avançou.

“Existe um lobby muito forte das corporações em responsabilizar o indivíduo pela reciclagem, enquanto continuam a investir no aumento da produção de plásticos. O cumprimento efetivo da política, a redução da produção e a reciclagem dos produtos, são fundamentais para mudarmos esse cenário. E isso passa pela responsabilização das empresas pelo plástico que produzem e o fortalecimento da logística reversa e da economia circular”, defende Montenegro.


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