Trump anuncia que Marrocos normalizará relações com IsraelAFP
Por AFP
Publicado 10/12/2020 15:53
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (10) que o Marrocos vai estabelecer relações diplomáticas com Israel e que Washington aceitará a soberania de Rabat sobre a região do Saara Ocidental.
"Hoje houve outro avanço HISTÓRICO! Nossos dois grandes amigos Israel e o reino de Marrocos concordaram em ter relações diplomáticas plenas, uma conquista maior para a paz no Oriente Médio!", comemorou o presidente no Twitter.
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O Marrocos confirmou nesta quinta-feira que "retomará suas relações diplomáticas" com Israel "o mais rápido possível" e descreveu como "uma tomada de posição histórica" a decisão de Washington de reconhecer a soberania marroquina sobre o disputado território do Saara Ocidental.
Em uma entrevista por telefone com o presidente americano, Donald Trump, o rei marroquino, Mohammed VI, destacou que seu país "retomará os contatos oficiais (...) e as relações diplomáticas o mais rápido possível" com o Estado hebreu, de acordo com um comunicado de imprensa do Palácio real.
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Marrocos e Israel estabeleceram escritórios de representação em Rabat e Tel Aviv nos anos 1990, mas foram fechados na década de 2000.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, celebrou hoje o acordo e evocou a retomada gradual de "voos diretos" entre os dois países. Em um pronunciamento transmitido pela televisão, Netanyahu também agradeceu ao rei do Marrocos pela "calorosa relação" entre ambos os países.
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"Pecado político"
Já o movimento islâmico palestino Hamas, no poder na Faixa de Gaza, chamou hoje o acordo de normalização das relações de um "pecado político".
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"É um pecado político que não serve à causa palestina e encoraja a ocupação (nome dado pelas autoridades palestinas a Israel) a continuar negando os direitos de nosso povo", disse o porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, à AFP.
Bahrein e Emirados Árabes Unidos já concordaram, nos últimos meses, em normalizar suas relações com Israel, em acordos impulsionados e mediados por Jared Kushner, genro e assessor de Donald Trump.
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O Sudão também concordou em estabelecer as relações e, segundo Kushner, o reconhecimento e a normalização dos vínculos entre Arábia Saudita e Israel é "inevitável".
"A aproximação e a completa normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita é agora algo inevitável, mas o prazo (...) ainda é algo que deve ser instrumentado", disse Kushner aos jornalistas.
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O assunto da normalização entre Rabat e Israel foi retomado em fevereiro durante uma visita oficial ao Marrocos do chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo.
Naquele momento, a imprensa israelense disse que Rabat estaria disposto a fazer um gesto em troca do apoio americano à sua postura sobre o Saara Ocidental, a ex-colônia espanhola disputada por marroquinos e separatistas da Frente Polisário, apoiados pela Argélia.
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Trump - que deixará a Casa Branca em 20 de janeiro para que o democrata Joe Biden tome posse - também disse que assinou o reconhecimento da soberania do Marrocos sobre o Saara Ocidental.
"A proposta séria, confiável e realista do Marrocos para a autonomia é a única base para uma solução justa e duradoura que garanta a paz e a prosperidade!", disse.
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"Marrocos reconheceu os Estados Unidos em 1777. Portanto, é adequado que reconheçamos sua soberania sobre o Saara Ocidental", acrescentou.
"Posição inalterada"
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A Organização das Nações Unidas (ONU) disse que sua posição "não mudou" na disputada região do Saara Ocidental depois que os EUA reconheceram a soberania do Marrocos.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, acredita que "a solução para a questão ainda pode ser encontrada com base nas resoluções do Conselho de Segurança", disse seu porta-voz, descrevendo a posição da ONU como "inalterada".
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A ONU envia uma missão de paz denominada MINURSO à região para monitorar um cessar-fogo e supostamente organizar um referendo sobre o status do território.
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