George Floyd foi morto asfixiado pelo policial Derek Chauvin em Minnesota, nos Estados UnidosReprodução Facebook
Mas, enquanto centenas de manifestantes se reuniam perto de um tribunal de Minneapolis fortemente vigiado, o juiz do condado de Hennepin, Peter Cahill, ordenou que a seleção fosse adiada até pelo menos terça-feira. Os promotores solicitaram a pausa até que um tribunal de apelação decida se o juiz deve restabelecer uma acusação de homicídio de terceiro grau contra Chauvin.
"O Tribunal escolherá os jurados para um julgamento sobre o qual ainda não sabemos as acusações exatas", disse Matthew Frank, o promotor principal. Chauvin, de 44 anos, é acusado de assassinato em segundo grau e homicídio culposo pela morte de Floyd. O afro-americano morreu sufocado depois que o agente o imobilizou, apertando seu pescoço com o joelho por quase nove minutos.
Cahill disse que acha que a seleção dos 12 jurados e quatro suplentes deve continuar, mas concordou em interrompê-la enquanto se resolve a apelação. "Os jurados em potencial estão aqui, mas vamos ser realistas, isso não vai começar antes de amanhã", disse o magistrado. O agente, libertado sob fiança, compareceu ao tribunal vestindo um terno azul e uma máscara preta.
Enquanto isso, a irmã da vítima, Bridgett Floyd, veio do Texas para "levar a voz" de seu irmão. "A espera acabou, estamos aqui", afirmou à imprensa ao final de um dia difícil. "Eu me senti como se estivesse em uma montanha-russa."
À tarde, porém, as partes continuaram a discutir questões de logísticas, concordando em reduzir a lista de testemunhas que serão chamadas a depor. Com base em um questionário enviado a jurados em potencial, que revelou riscos de parcialidade, eles decidiram excluir 16. Encontrar jurados imparciais é desafiador, pois o assunto despertou paixões.
Nadi McDill, uma jovem afro-americana, disse que apoia o adiamento do julgamento porque o acréscimo da acusação de homicídio de terceiro grau pode aumentar as chances de condenação. "Receber a acusação de homicídio de terceiro grau é importante", disse ela.
O caso de Chauvin promete ser inédito em muitos aspectos: contará com advogados famosos, será realizado sob forte segurança e será transmitido ao vivo. O escritório do Procurador-Geral do Estado de Minnesota convocou Neal Katyal, um ex-procurador-geral interino que já argumentou na Suprema Corte, para ajudar com a acusação.
Katyal descreveu o julgamento de Chauvin como um "caso criminal histórico, um dos mais importantes da história" dos Estados Unidos. Ashley Heiberger, ex-policial que agora trabalha como consultora sobre as práticas policiais, afirmou que "o fato de um policial ter sido acusado criminalmente de uso abusivo da força é, em si mesmo, uma exceção".
Três outros oficiais envolvidos na prisão de Floyd, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, enfrentam acusações menores e serão julgados de forma separada. Os quatro envolvidos no caso foram demitidos pelo Departamento de Polícia de Minneapolis.
Treinado para isso
De acordo com Nelson, Floyd morreu de overdose de fentanil. Uma necropsia encontrou vestígios da droga no corpo de Floyd, mas especificou que a causa da morte foi "compressão do pescoço". Será necessária uma decisão unânime de todos os 12 jurados para colocar Chauvin atrás das grades.
Se o policial não for condenado é provável que aconteça uma nova onda de manifestações contra o racismo.
As autoridades mobilizaram milhares de policiais e membros da Guarda Nacional para auxiliar na segurança durante o julgamento. Não se espera um veredicto antes do final de abril.
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