Joe Biden e Vladimir Putin se reunirão presencialmente na Suíça em 16 de junho
Joe Biden e Vladimir Putin se reunirão presencialmente na Suíça em 16 de junhoAFP
Por AFP
O presidente russo, Vladimir Putin, ironizou nesta quinta-feira (18) o americano Joe Biden, que o chamou de "assassino" numa entrevista no dia anterior, antes de reafirmar que a Rússia defenderá seus interesses e trabalhará com os Estados Unidos onde for "vantajoso".
A disputa pode mergulhar a relação entre os dois rivais geopolíticos em uma nova espiral de tensões, apesar de ambas as potências terem manifestado vontade de cooperar em casos de interesse comum.
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"Aquele que diz é que é", disse Putin, sorrindo, segundo declarações transmitidas pela televisão russa.
"Não é apenas uma expressão infantil, uma piada. O significado é profundo e psicológico. Sempre vemos no outro as nossas próprias características", declarou.
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Putin, que também disse desejar "boa saúde, sem qualquer ironia", ao presidente Biden, reafirmou que Moscou não se intimidaria, um 'leitmotiv' de sua diplomacia.
Na quarta-feira, Biden respondeu afirmativamente a um jornalista que o perguntou se Putin era "um assassino", numa entrevista com a emissora ABC.
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"Defenderemos nossos próprios interesses e trabalharemos com (os americanos) em condições que serão vantajosas para nós", insistiu Putin nesta quinta.
Ele falou durante uma videoconferência com representantes da sociedade civil da Crimeia, península ucraniana que a Rússia anexou em 2014, ponto de partida de relações russo-ocidentais cada vez mais conflitantes.
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Apesar da ironia de Putin, Moscou não deixou de ressaltar que as afirmações de Biden eram inaceitáveis.
Convocação para consultas
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Adotando uma disposição sem precedentes desde 1998, o ministério das Relações Exteriores da Rússia convocou seu embaixador nos Estados Unidos para consultas, para discutir o futuro da relação "estagnada" entre Moscou e Washington.
De acordo com a embaixada russa em Washington, as "declarações imprudentes de autoridades americanas correm o risco de causar o colapso de relações já conflituosas".
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O Kremlin, por sua vez, denunciou afirmações que mostram que Biden "claramente não quer melhorar as relações com nosso país".
O Departamento de Estado americano afirmou à AFP que não tinha planos de chamar seu representante em Moscou para consultas.
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Por outro lado, na mesma entrevista, Biden afirmou que queria fazer o presidente russo "pagar" pela interferência nas eleições americanas de 2016 e 2020, acusação que Moscou sempre rejeitou.
Um conjunto de declarações que o presidente da Câmara Baixa do Parlamento russo, Viacheslav Volodin, descreveu como um "insulto" aos russos e um "ataque" contra seu país.
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Um vice-presidente da Câmara Alta, Konstantin Kosachev, exigiu "explicações e desculpas".
As relações entre Moscou e Washington e, em geral, entre Rússia e países ocidentais, vêm se deteriorando há anos, como resultado da anexação da Crimeia, a guerra na Ucrânia, o conflito na Síria e o envenenamento e posterior prisão do opositor russo Alexei Navalny, entre outros assuntos.
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Sanções
Consequentemente, várias rodadas de sanções e contra-sanções foram adotadas. Na quarta-feira, o governo americano anunciou que estenderia as restrições às exportações de produtos sensíveis para a Rússia.
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Nesta quinta-feira, o grupo de países do G7 denunciou novamente a "ocupação" da Rússia na Crimeia.
Desde sua chegada à Casa Branca, Biden tem demonstrado grande firmeza para com o Kremlin, em contraste com a leniência que seu antecessor, Donald Trump, costumava mostrar, criticado por democratas e pelo Partido Republicano.
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Se as relações entre as duas potências se deteriorarem ainda mais, a incipiente cooperação em casos de interesse comum poderá se ver ameaçada.
O exemplo mais claro, citado por Biden na quarta-feira, seria a extensão do tratado de limitação de arsenais nucleares do New Start, acordada no início deste ano.
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Outras questões em que russos e americanos estudam colaborar são o programa nuclear iraniano ou a crise climática, de acordo com Moscou.
Biden insistiu que deseja "trabalhar" com os russos em questões de "interesse mútuo".
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Mas a Casa Branca enfatizou: o presidente dos Estados Unidos não vai "silenciar suas preocupações sobre tudo o que considera atos nefastos".