George Floyd foi morto asfixiado pelo policial Derek Chauvin em Minnesota, nos Estados Unidos
George Floyd foi morto asfixiado pelo policial Derek Chauvin em Minnesota, nos Estados UnidosReprodução Facebook
Por AFP
Uma testemunha no julgamento contra o ex-policial de Minneapolis acusado pela morte de George Floyd contou nesta terça-feira que telefonou para o número de emergências 911 e reportou um "homicídio".

Donald Williams, 33, também relatou que implorou aos agentes presentes no local que prestassem assistência a Floyd, que morreu ao ser detido, após ser acusado de pagar uma conta com uma nota falsa de 20 dólares. O ex-agente Derek Chauvin, 44, é acusado de homicídio por seu papel no caso, que ocorreu em 25 de maio de 2020.

O vídeo impressionante de Floyd agonizando sob o joelho de Chauvin foi o foco da abertura da argumentação, nesta segunda-feira, no julgamento pela morte desse homem negro, 46 anos, que gerou comoção no mundo. A mulher que gravou o vídeo depôs hoje. Ela descreveu Floyd como alguém que estava "aterrorizado e que suplicou por sua vida".
"Não estava certo. Ele estava sofrendo, com dor", contou Darnella Frazier, 18. "Eu sabia que aquilo era errado, todos sabíamos." O instrutor de artes marciais Williams afirmou que Floyd já estava "em perigo" quando ele chegou ao local. "Percebia-se que ele tentava respirar a duras penas."

Williams contou que Floyd foi imobilizado por Chauvin com um golpe de artes marciais e que o viu perder os sentidos. Depois que uma ambulância levou a vítima, Williams telefonou para o serviço de emergências. "Eu achava que tinha sido testemunha de um homicídio. Não sabia mais o que fazer", disse no tribunal.

Telefonema
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Trechos do telefonema foram reproduzidos no tribunal. "Ele foi e matou esse homem", descreve Williams na chamada. "Assassinos, irmão... Eles mataram esse homem em frente à loja".

Ao ser interrogado sobre a quem se referia, Williams respondeu: "Ao oficial sentado ali", e apontou para Chauvin. "Você viu Floyd resistindo à prisão?", perguntou o promotor Matthew Frank. Williams respondeu que não.

Ao ser interrogado pelo advogado de defesa, Eric Nelson, Williams admitiu que insultou Chauvin e os outros agentes que estavam no local. "Você o chamou de vagabundo 13 vezes", citou Nelson. "Eu tinha que falar por Floyd", defendeu-se Williams.

O vídeo que mostra a morte de Floyd deve ser o eixo central do processo contra Chauvin. A acusação busca provar que o então policial não teve nenhuma justificativa para aplicar a imobilização perigosa que causou a morte de Floyd.

A defesa argumentou ontem que pode provar que Floyd estava drogado, o que teria forçado os policiais a serem mais duros, e que sua morte se deveu mais às drogas e a seus problemas de saúde do que à asfixia. "Vocês vão ver que Derek Chauvin fez exatamente o que havia sido treinado para fazer", afirmou Nelson.

Com 19 anos de trabalho na polícia, Chauvin é acusado de assassinato e homicídio culposo, e pode pegar até 40 anos de prisão se for declarado culpado da acusação mais grave: assassinato em segundo grau. O julgamento é acompanhado com atenção pelo mundo inteiro, e a Casa Branca informou ontem que o presidente Joe Biden também estava atento ao processo.

Ben Crump, advogado especialista em direitos civis que representa a família Floyd, classificou o processo de "um julgamento histórico, que será um referendo sobre o quão longe os Estados Unidos chegaram em sua busca por igualdade e justiça para todos".
O julgamento deve durar cerca de um mês e os outros três oficiais envolvidos na prisão de Floyd - Tou Thao, Thomas Lane e J. Alexander Kueng - serão julgados em outro processo, também este ano.