George Floyd foi morto asfixiado pelo policial Derek Chauvin em Minnesota, nos Estados Unidos
George Floyd foi morto asfixiado pelo policial Derek Chauvin em Minnesota, nos Estados UnidosReprodução Facebook
Por AFP
O ex-policial Derek Chauvin disse nesta quinta-feira (15) que não testemunhará em seu julgamento pela morte do afro-americano George Floyd, recorrendo a seu direito constitucional contra a autoincriminação, em um caso que convulsionou os Estados Unidos e cujas alegações finais serão apresentadas a partir de segunda-feira.


"Vou solicitar minha prerrogativa da Quinta Emenda hoje", disse Chauvin ao juiz Peter Cahill.


"É sua decisão não testemunhar?", perguntou o juiz ao ex-policial de 45 anos, que vestia um terno cinza com camisa azul escura e gravata azul.


"Isso mesmo, meritíssimo", respondeu Chauvin, que enfrenta acusações de assassinato em segundo grau e homicídio culposo na morte de Floyd em 25 de maio de 2020.


Eric Nelson, o advogado de Chauvin, perguntou-lhe se ele entendia que "nem o Estado nem o tribunal podem interpretar seu silêncio como um sinal ou indicação de culpa".


O ex-agente disse que entendeu.


Já a acusação disse que convocaria uma última testemunha.


Chauvin, que é branco, foi pego ajoelhado no pescoço do homem negro de 46 anos por mais de nove minutos depois de prendê-lo por supostamente usar uma nota falsa de 20 dólares.


Um vídeo dessa prisão feito por transeuntes viralizou, gerando protestos contra a injustiça racial e a brutalidade policial nos Estados Unidos e em todo o mundo.


"Baixo nível de oxigênio"
A defesa de Chauvin alega que a morte de Floyd se deveu a condições de saúde pré-existentes e ao uso de fentanil e metanfetamina.


Mas especialistas médicos convocados pela promotoria disseram que a morte de Floyd foi causada por um "baixo nível de oxigênio" devido à pressão no pescoço e não por drogas ou doenças pré-existentes.


Vários policiais testemunharam que força excessiva foi usada contra Floyd e o chefe de polícia de Minneapolis, Medaria Arradondo, disse que Chauvin violou as políticas de treinamento e "valores" da instituição.


Na segunda-feira, Nelson pediu ao juiz que isolasse o júri depois que protestos eclodiram em Minneapolis após a morte de um homem negro de 20 anos nas mãos da polícia.


O juiz negou o pedido e disse que o júri ficaria isolado após as alegações finais, que começam na segunda-feira.


Depois que Chauvin disse que não testemunharia e a promotoria chamou sua última testemunha, o juiz deu ao júri um dia de folga na sexta-feira, antes que a fase final do processo comece na segunda-feira.



- Mais tensão em Minneapolis -
Ao mesmo tempo, Kim Potter, a policial que atirou e matou Daunte Wright no domingo no subúrbio de Minneapolis depois de confundir sua pistola com sua arma de choque elétrico, segundo ela, foi preso nesta quarta-feira por homicídio culposo.


E Minneapolis, Minnesota, foi abalada por violentos protestos noturnos após a morte de Wright durante um controle de tráfego.


Potter, uma policial de 26 anos que renunciou após a morte de Wright, pode pegar no máximo 10 anos de prisão se for condenada por homicídio culposo em segundo grau.


Ela deve comparecer ao tribunal na quinta-feira para uma audiência preliminar, depois de ser libertada sob fiança de cem mil dólares.


Assim, as tensões raciais na região foram agravadas após o julgamento de Chauvin. O ex-policial pode pegar até 40 anos de prisão se for condenado pela acusação mais grave sobre a morte de Floyd: homicídio em segundo grau.


A condenação por qualquer uma das acusações contra Chauvin depende de um veredicto unânime do júri composto por nove mulheres e cinco homens.


Três outros ex-policiais implicados na prisão de Floyd serão julgados separadamente ainda este ano.