Presidente francês, Emmanuel Macron
Presidente francês, Emmanuel MacronAFP
Por AFP
A França, um dos países europeus mais atingidos pela covid-19, ultrapassou as 100.000 mortes pelo coronavírus nesta quinta-feira (15), informaram autoridades de saúde.


Apenas o Reino Unido (127.000 mortos) e a Itália (115.000) já haviam ultrapassado esse marco simbólico na Europa, mas outros países, como Bélgica e Portugal, apresentam maior taxa de mortalidade per capita.


“Pensamos em todas essas famílias, as pessoas próximas a elas, os filhos que perderam um dos pais ou o avô, todos aqueles irmãos de luto, aqueles amigos perdidos”, relembrou o presidente Emmanuel Macron em um tuíte.


“E enquanto toda a nossa energia é direcionada para sair desta crise, não vamos esquecer nenhum rosto, nenhum nome”, acrescentou.


"Não atingimos o pico de hospitalizações, o que significa que ainda temos dias muito difíceis pela frente", lembrou o porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, na quarta-feira.


Atualmente, cerca de 6.000 pacientes com covid estão sendo tratados em unidades de terapia intensiva (UTI), obrigando o adiamento de cirurgias não urgentes.


É a primeira vez desde abril de 2020 que essa taxa de ocupação de leitos na UTI foi atingida.


Devido a este surto, a França voltou a decretar medidas de confinamento em todo o país no final de março: a população não pode sair depois das 19h ou se deslocar, a qualquer momento, a mais de 10 quilômetros de suas casas, exceto por motivos de trabalho ou médicos.


Jardins de infância, escolas primárias e secundárias estão fechados até 26 de abril, pelo menos, assim como lojas não essenciais.


22% da população vacinada
A situação piorou após a disseminação da variante britânica do coronavírus.


Agora, essa cepa, que é considerada mais contagiosa e mortal, se tornou a principal a circular na França.


Segundo o ministro da Saúde, Olivier Véran, a cepa britânica já responde por "80% das infecções".


Para tentar evitar a disseminação de outras cepas, principalmente a brasileira, conhecida como P1, a França anunciou nesta terça-feira a suspensão de todos os voos com o Brasil até pelo menos 19 de abril.


Embora ainda seja uma minoria na Europa, os profissionais de saúde vêm alertando há alguns dias sobre os riscos dessa variante, mais contagiosa, e que se espalhou como um incêndio no gigante sul-americano.


Ao mesmo tempo, o governo tenta redobrar seus esforços de vacinação contra a covid-19 para obter imunidade coletiva.


Com um início lento no final de dezembro, a campanha acelerou nas últimas semanas, apesar dos atrasos nas entregas de vários laboratórios e dúvidas sobre os efeitos colaterais das vacinas AstraZeneca e Johnson & Johnson.


Segundo dados oficiais, 11,6 milhões de pessoas receberam pelo menos uma dose de uma das vacinas disponíveis contra covid-19 na França, o que corresponde a 22,1% da população adulta, e 4,1 milhões receberam duas doses.


“Para uma população ser protegida (...) ela precisa chegar entre 80% e 85% vacinada”, disse o virologista Bruno Lina ao jornal Le Parisien.


Este contexto sombrio levanta dúvidas sobre a possibilidade de flexibilização das restrições em meados de maio, data que Macron fixou para uma reabertura progressiva, com controle rigoroso, das áreas externas de restaurantes e cafés, fechados desde final de outubro.