"Eleito Miguel Díaz-Canel Bermudez, Primeiro-Secretário do Comitê Central do Partido Comunista de #Cuba no #8ºCongressoPCC", anunciou o partido em sua conta no Twitter ao final da eleição dos delegados desta organização política.
Embora seja uma transição simbólica, em um país onde a maioria só conheceu Fidel e Raúl Castro à frente do poder, não significa necessariamente uma mudança na linha política cubana.
"Desde que nasci, conheci apenas um partido e até agora vivemos com ele, e ninguém passa fome", diz Miguel Gainza, um artesão de 58 anos que trabalha na Havana Velha e apoia esse sistema político. "É uma pena que Fidel tenha morrido. porque ele resolvia tudo", lamenta.
Para John Kavulich, presidente do Conselho Econômico e Comercial Cuba-Estados Unidos, é necessária uma mudança geracional. "Atualmente, a idade combinada dos três líderes atuais do Partido Comunista está se aproximando dos 300 anos", diz.
A saída de Castro pode ser acompanhada pela aposentadoria de outros militantes que alcançaram o triunfo da revolução em 1959, incluindo o segundo secretário, José Ramón Machado Ventura, de 90 anos, e Ramiro Valdés, 88.
O partido está envelhecendo. De seus integrantes, 42,6% têm mais de 55 anos, o que frustra as aspirações dos jovens. Kavulich considera que há no partido uma "falta de vontade de aceitar que já não é preciso lutar por uma revolução, mas sim gerir um país não de meados do século XX, mas da segunda década do século XXI".
Entre muitos cubanos há um cansaço devido à escassez e às longas filas para se abastecer. O país importa 80% do que consome. O governo, atormentado nos últimos quatro anos pelo endurecimento das sanções de Washington, continua tendo o combate ideológico entre suas prioridades.
"A existência de um único partido em Cuba foi e sempre estará no foco das campanhas do inimigo", disse Castro em seu discurso.
"Esta unidade deve ser protegida com zelo e nunca aceitar a divisão entre revolucionários sob falsos pretextos de maior democracia", acrescentou.
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