FMI diz que mudança climática é ameaça profunda ao crescimento e à prosperidadeReprodução/Internet
Publicado 26/07/2021 19:17
Um total de 195 países começaram a analisar nesta segunda-feira as novas previsões dos especialistas da ONU sobre o clima, um relatório "crucial para o sucesso" da conferência COP26 de novembro. Sete anos depois do último relatório dos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), a atual avaliação será divulgada após as chuvas devastadoras na China e na Alemanha, além das temperaturas sufocantes no Canadá.
"As últimas seis semanas nos apresentaram uma série de acontecimentos devastadores, calor, inundações, incêndios, secas e mais. Há vários anos alertamos que era possível, que tudo isto aconteceria", afirmou a secretária executiva da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Patricia Espinosa.
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Para Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), "o relatório que vão concluir será muito importante no mundo inteiro (...) Este informe de avaliação é crucial para o êxito da conferência sobre o clima de Glasgow (Escócia), em novembro".
A menos de 100 dias da COP26, Espinosa alertou que não estamos "no caminho certo para respeitar a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a +1,5ºC até o final do século". "Na verdade, estamos no caminho oposto, caminhamos para mais de +3ºC. Temos que mudar de rumo com urgência, antes que seja tarde demais", insistiu.
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Patricia Espinosa também classificou como extremamente positiva a reunião realizada ontem e hoje em Londres com representantes de mais de 50 países para preparar a COP26.
Interesse passageiro
Apesar das imagens impactantes dos desastres naturais, alguns temem que esse interesse pelo clima seja apenas passageiro e que a cúpula de novembro não termine em acordos significativos.
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"Neste momento, todos estão falando sobre uma emergência climática e com bons motivos. Mas, quando essas tragédias acabarem, provavelmente iremos esquecer novamente e continuar como antes", lamentou a ativista Greta Thunberg, que mobilizou milhões de jovens nos últimos anos por uma redução drástica nas emissões de gases de efeito estufa por parte dos governos.
O relatório do IPCC, que deve ser publicado em 9 de agosto e cujas conclusões para os líderes políticos serão cuidadosamente negociadas ao longo de duas semanas, deve atualizar sua avaliação e suas previsões climáticas sobre o aumento das temperaturas, níveis do oceano, intensificação de eventos extremos, entre outros tópicos.
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Além disso, outras duas partes serão publicadas no início de 2022, incluindo uma que mostra como a Terra mudará em 30 anos, ou mesmo antes, e da qual a AFP obteve uma versão preliminar. Mas esta ferramenta será lançada após a COP26.
Com a assinatura do Acordo de Paris em 2015, quase todos os países do planeta se comprometeram a reduzir suas emissões de CO2 para limitar o aquecimento global "bem abaixo" de +2ºC em comparação com a era pré-industrial e, se possível, +1,5°C.
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Essa meta de +1,5ºC se tornou uma prioridade para muitos ativistas e autoridades políticas, especialmente quando o planeta ganhou aproximadamente 1,1°C desde a Revolução Industrial. Cada décimo adicional conta, porque traz fenômenos extremos.
Mas isso pode ser alcançado? Essa é uma das perguntas que o relatório do IPCC terá de responder, com base em milhares de estudos científicos. Alguns duvidam de que seja possível. Outros, na tentativa de evitar o desânimo, dizem que não é impossível.
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"Limitar o aquecimento a +1,5ºC ainda é física, técnica e economicamente possível. Mas não por muito tempo, se continuarmos a agir pouco e tarde", estima Kaisa Kosonen, da ONG Greenpeace.
"O IPCC nos disse qual deve ser a ambição: que cada país do mundo se comprometa com a neutralidade de carbono e detalhe o plano para alcançá-la", insistiu nesta segunda-feira a vice-diretora executiva de Meio Ambiente das Nações Unidas, Joyce Msuya.
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Para atingir essa meta, as emissões devem ser reduzidas em 7,6%, em média, a cada ano entre 2020 e 2030, segundo a ONU. Em 2020,este registro caiu, devido à pandemia, mas a expectativa é que volte a aumentar. Diante das poucas medidas planejadas para impulsionar a energia limpa, a Agência Internacional de Energia (AIE) prevê, inclusive, emissões recordes para 2023.
"Mas se não conseguirmos, alcançar 1,6ºC é melhor do que 1,7ºC, e 1,7 ºC é melhor do que 1,8ºC", diz o climatologista Robert Vautard, um dos autores do IPCC. "Os confinamentos do ano 2020 resultaram em uma queda de 6% a 7% nas emissões. Se quisermos uma redução de 40% ou 50% em 2030, estamos vendo o trabalho que resta pela frente", assinala.
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