Segundo as autoridades francesas, 12% dos funcionários de hospitais e lares de idosos ainda não haviam se vacinado há uma semanaAFP
Publicado 14/09/2021 10:20
Paris - A vacinação contra a covid-19 será obrigatória para os profissionais da saúde e de cuidados a partir de quarta-feira, 15, na França, uma medida que afeta 2,7 milhões de pessoas e que enfrenta resistências em uma minoria.
Esta "ordem autoritária (...) vai provocar tensões e caos", afirmou, nesta terça-feira, 14, a responsável de Saúde do sindicato CGT, Mireille Stivala, durante uma manifestação de poucas centenas de pessoas em frente ao ministério da Saúde.
A partir de amanhã, os trabalhadores de hospitais, lares de idosos e os auxiliares de vida, entre outros, poderão ser suspensos de emprego e salário se não tiverem recebido ao menos a primeira dose.
O presidente francês, o liberal Emmanuel Macron, estabeleceu o prazo de 15 de setembro há dois meses e, segundo as autoridades, 12% dos funcionários de hospitais e lares de idosos ainda não haviam se vacinado há uma semana.
Os sindicatos alertam sobre eventuais problemas caso sejam impedidos de trabalhar. "Não podemos nos permitir perder mais funcionários", destacou Stivala, que advertiu sobre eventuais "fechamentos de macas" e um pior atendimento.
A firmeza do Executivo francês, cujo ministro da Saúde Olivier Véran anunciou "controles sistemáticos", motivou alguns dos trabalhadores afetados que ainda não se imunizaram a mudarem essa postura.
Cornellia, de 47 anos e enfermeira na unidade de psiquiatria em um hospital de Paris, se vacinou ao voltar das férias, "sob coação". "Não podemos ficar sem salário", afirmou.
Já Nathalie Della Giustina, uma psicóloga de 47 anos que trabalha no leste da França, rejeita "jogar a roleta russa" com sua saúde. "Hoje escolhi minha saúde, apesar de também gostar do meu trabalho", acrescentou.
A mulher explicou que seu chefe já avisou a ela que não poderá trabalhar a partir de quarta-feira e que primeiro poderá tirar os dias de férias que lhe restam. "Mas me disse que em dois meses chegará a demissão", explicou.
Um crescente número de países como Grécia, Itália, Hungria, Austrália, Canadá e Gâmbia, entre outros, impõe a vacinação contra a covid-19 em determinados setores como saúde, turismo e administração.
Mais de 115.600 pessoas morreram na França por causa da covid-19, segundo as autoridades sanitárias. Quase 70% da população já completou seu esquema de imunização (46,7 milhões de pessoas).
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